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Universidade de Coimbra ganha 492 mil euros para estudar efeitos do ‘stress’ no cérebro

21 de julho às 11h20
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Um projeto dedicado ao estudo dos efeitos do ‘stress’ crónico no cérebro, coordenado pelo Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra (UC), ganhou 492 mil euros de financiamento.

Este financiamento de quase meio milhão de euros, anunciou hoje a Universidade de Coimbra, é concedido no âmbito de Concurso CaixaResearch de Investigação na Saúde, iniciativa da Fundação la Caixa, que conta com o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

“O ‘stress’ crónico é cada vez mais prevalente nas sociedades modernas e resulta num risco aumentado para a saúde mental, devido aos seus efeitos no cérebro”, afirma, numa nota enviada à agência Lusa, a UC, referindo que “uma das regiões do cérebro mais afetadas pelo ‘stress’ é o córtex pré-frontal, que está envolvido no planeamento de comportamentos complexos e na tomada de decisões”.

Estima-se que na Europa mais de 40 milhões de pessoas sofram de ansiedade e depressão – distúrbios mentais associados ao ‘stress’ crónico –, adianta a UC, sublinhando que “estes distúrbios estão a piorar, de modo significativo, devido à pandemia de covid-19”. Torna-se assim “urgente encontrar soluções”, sustenta.

“Sabe-se que indivíduos sujeitos a ‘stress’ de forma crónica têm maior probabilidade de sofrer alterações nas suas capacidades cognitivas, mas não se conhece as bases moleculares desta associação”, explica, citado pela UC, Paulo Pinheiro, responsável pelo projeto.

Desta forma, esclarece o investigador do CNC, pretende-se estudar “a função de uma molécula reguladora da expressão de genes – o miR-186-5p – que se sabe estar aumentada no cérebro em situações de ‘stress’ crónico, e que regula processos celulares e moleculares envolvidos na aprendizagem e memória”.

Os investigadores adiantam que vão “testar a hipótese de que ao normalizar os níveis do miR-186-5p seja possível contrariar os efeitos negativos do ‘stress’ crónico na cognição”.

Assim, o principal objetivo deste projeto, intitulado “Regulação da função sináptica e do comportamento dependente do córtex pré-frontal pelo microRNA-186-5p induzido por ‘stress’ crónico”, é perceber como é que os níveis do miR-186-5p variam no córtex pré-frontal em resposta ao stress crónico, e qual o impacto desta regulação na função neuronal e nos comportamentos dependentes desta região cerebral.

Adicionalmente, os investigadores pretendem perceber se a regulação do miR-186-5p é distinta entre sexos, o que poderá ajudar a explicar diferentes suscetibilidades aos efeitos nefastos do ‘stress’ crónico.

Com a duração de três anos, este estudo poderá levar à identificação de novos alvos terapêuticos para mitigar os efeitos do ‘stress’ crónico e melhorar a saúde mental.

Para além do coordenador do projeto, Paulo Pinheiro, também integram a equipa Ana Luísa Carvalho, líder do grupo de Biologia da Sinapse do CNC e do Departamento de Ciências da Vida (DCV) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC, Ângela Inácio, Beatriz Rodrigues, Lino Ferreira, Mariline Silva, Miguel Lino, Sandra Santos, investigadores do CNC, e Jorge Valero, investigador do Achucarro – Basque Center for Neuroscience (Espanha).

Nesta edição de 2021, o CaixaResearch de Investigação na Saúde atribuiu um financiamento total de 22,1 milhões de euros aos 30 projetos selecionados.

Dos 644 projetos apresentados a concurso, 195 foram submetidos por instituições portuguesas, tendo sido financiados 12 com uma verba global de 7,9 milhões de euros.

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