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Teixeira Veríssimo: “O SNS precisa de profunda reformulação”

15 de julho às 08h26
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DB/Foto de Pedro Ramos

A Ordem dos Médicos votou, recentemente, a favor da criação da especialidade de Medicina de Urgência e Emergência. Qual é a sua posição sobre esta matéria?

Está aberto o processo para a criação da especialidade Medicina de Urgência e Emergência que trará uma mais-valia para o sistema de saúde. Contudo, é preciso ressalvar que não vai resolver os problemas que temos atualmente. Esta especialidade, antes de 5/10 anos não vai ter repercussão no atual sistema das urgências. Portanto, será uma especialidade que terá repercussão só daqui a alguns anos.

No concurso de acesso ao Internato Médico de 2023, Medicina Interna foi a especialidade com mais vagas por preencher. Como se explica isto?

A especialidade ficou com 57% de lugares por ocupar. Isso tem a ver, não diretamente com a especialidade, mas, sim, com o próprio Serviço Nacional de Saúde (SNS). A deterioração e desorganização progressiva do SNS, especialmente nas últimas duas décadas, reduziram a atratividade da Medicina Interna para os jovens médicos.
É fundamental criar um novo modelo de organização para a prática desta especialidade médica, que é essencial ao bom funcionamento de um sistema de saúde moderno. A falta de atratividade prende-se com o atual modelo das urgências, onde há uma sobrecarga enorme sobre os internistas. Por isso, os jovens médicos sentem-se pouco atraídos para escolher a especialidade de Medicina Interna.

Que fazer para valorizar essa especialidade?

A Ordem dos Médicos (OM) criou um Grupo de Trabalho para a Valorização da Medicina Interna. No fundo, para discutir e tentar perceber que caminhos e medidas concretas fundamentais a possam recolocar nos maiores patamares da atratividade de Internato Médico. Esse grupo, do qual sou coordenador, foi criado com cinco elementos do Colégio da Especialidade de Medicina Interna da OM e cinco elementos da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna. O SNS foi criado e deu resultados francamente positivos até certa altura, mas depois não se foi reformando, não se foi adaptando às novas realidades sociais e científicas. É preciso reformar o próprio sistema de saúde na sua globalidade, mas começando pelos hospitais. Temos de reformar a sua organização. O modelo que atualmente existe – que são os serviços por órgão – está mais do que ultrapassado. Tem de ser reformulado e funcionar por áreas médicas, por um lado, áreas cirúrgicas por outro, e depois nichos de especialidades que se ocupem de determinadas áreas muito específicas. A juntar a isso, vamos ao principal problema: os serviços de urgência.

Como assim?

Somos o país do mundo onde a população mais recorre ao serviço de urgência, com um excesso enorme. É necessário retirar os doentes não emergentes ou que não têm doença aguda muito urgente para serem tratados noutro local.

Pode ler a entrevista completa na edição impressa e digital do dia 15/07/2024 do DIÁRIO AS BEIRAS

Autoria de:

José Armando Torres

1 Comentário

  1. Paulo Anacleto diz:

    Reformulação está o SNS a ter há muito. Investimento e requalificação é que não existe particamente nenhum para que o sector privado aumente os seus lucros com o negócio da doença.

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