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Sobre rodas aos pés do Monte Fuji

12 de julho às 11h18
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Vítor Sereno: Embarcar numa aventura

No mês passado decidi embarcar num fim-de-semana de aventura que há muito planeava: um passeio na Ducati pelos arredores do majestoso Monte Fuji. A companhia não poderia ser melhor; amigos de longa data, vindos de Macau, juntaram-se a mim nesta jornada.
As motas roncaram ao amanhecer, quando partimos em direção ao emblemático vulcão, cuja imponência já se fazia notar no horizonte. A estrada serpenteava por entre campos verdejantes e florestas densas, criando um cenário de tirar o fôlego. O Fuji, com a sua forma cónica perfeita, parecia vigiar-nos, ora encoberto por névoas suaves, ora revelado em toda a sua glória. A tranquilidade do lugar contrastava com a excitação que sentíamos. Cada curva da estrada trazia uma nova vista, uma nova perspetiva daquele gigante adormecido.
Os arredores são um espetáculo por si só. A cada quilómetro, descobríamos pequenos lagos de águas cristalinas, espelhando o céu azul e a majestade do monte. Um dos momentos marcantes foi quando parámos junto ao Lago Kawaguchi. As suas águas calmas, refletindo a montanha coberta de neve, criavam uma imagem digna de um postal. Aproveitámos para descansar e absorver a serenidade do lugar, tirando fotografias que, sabíamos, nunca conseguiriam capturar toda a beleza daquele instante.
Continuámos a nossa jornada, passando por trilhos sinuosos, miradouros espetaculares e aldeias pitorescas onde o tempo parecia ter parado. As casas tradicionais, com os seus telhados de colmo e jardins meticulosamente cuidados, transmitiam uma sensação de paz e harmonia. Os habitantes, sempre acolhedores, saudavam-nos com sorrisos calorosos, acrescentando um toque humano à nossa aventura.
A última paragem foi no famoso Santuário Fujisan Hongu Sengen Taisha, um lugar de profunda espiritualidade e devoção. Rodeado por árvores centenárias, oferecia uma vista magnífica. Aproveitámos o momento para refletir sobre a nossa jornada, agradecendo pela oportunidade de testemunhar tamanha beleza natural.
O Fuji-San não é apenas uma maravilha natural, caros leitores, mas também um símbolo profundamente enraizado na cultura e espiritualidade japonesas. Reverenciado como uma montanha sagrada, é um local de peregrinação e inspiração para artistas e poetas ao longo dos séculos. A sua imagem é um ícone do Japão, representando força, serenidade e a ligação entre a terra e o espírito.
No dia seguinte, regressei a Tóquio com o coração cheio e as memórias gravadas. A aventura não foi apenas um passeio de mota, mas uma celebração da natureza e da amizade. Cada paisagem, cada sorriso encontrado pelo caminho, enriqueceu ainda mais a nossa experiência. O Fuji, com a sua presença imponente, deixou-nos uma lição de humildade e admiração pela grandiosidade da natureza e pela profundidade da cultura nipónica.

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