Reforma do SNS na sala de espera
E cá estamos, uma vez mais, na sala de espera do SNS. Não, não estou a falar de uma consulta – isso seria pedir muito. Falo da espera eterna pela tão prometida “Reforma do Sistema de Saúde”, anunciada com a regularidade de um check-up anual, mas cujos resultados continuam…preocupantes. Se o SNS fosse um paciente, estaria há muito em estado crítico, com os políticos a tentarem tapar as feridas com pensos rápidos enquanto prometem a cura milagrosa. Portugal adora o seu Serviço Nacional de Saúde, tal como se adora um parente idoso: já não se espera grande vitalidade, mas também não estamos preparados para o ver partir. No entanto, há algo de inegavelmente valioso no SNS. Entre as falhas e as longas esperas, há também histórias de sucesso e resiliência, médicos e enfermeiros que fazem verdadeiros milagres com os recursos que têm. A questão não é se o SNS tem conserto, mas se queremos realmente fazê-lo funcionar. Agora, temos as habituais soluções mágicas. Acenam-se com palavras como “sustentabilidade” e “eficiência”, como se fossem bálsamos milagrosos capazes de reverter décadas de subfinanciamento e má gestão. Fala-se de privatizações, de parcerias público-privadas, de reforço do investimento. Cada facção política tem o seu diagnóstico, mas todos acabam por concordar numa coisa: a receita é sempre a mesma. Mais financiamento, mais reformas estruturais, mais promessas. A boa notícia? A mudança é possível. Há exemplos pelo mundo de sistemas de saúde públicos que funcionam, e Portugal pode aprender com essas experiências. Então, será que o SNS algum dia vai sarar? Se deixarmos as promessas vagas de lado e apostarmos em medidas eficazes, talvez. É verdade que o sistema precisa de tratamento intensivo, mas com a atenção certa, pode recuperar. No fim, a “reforma” do sistema de saúde em Portugal é uma oportunidade – se for tratada com a seriedade que merece. E, pelo andar da carruagem, talvez valha a pena fazer um check-up mais cedo do que 2026.