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Opinião: Teatro escolar

05 de dezembro às 11h53
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Quando vim estudar para Coimbra, e tanto quanto a minha memória ganha ao esquecimento, aprendi que havia quatro salas de espetáculos que devíamos frequentar, fosse para ver cinema, teatro ou até reuniões alargadas da oposição ao regime então vigente: o Avenida, o Tivoli, o Sousa Bastos e o à época recentemente inaugurado Teatro Académico Gil Vicente.

Pelas mais diversas razões, ao longo do tempo estas salas de espetáculo foram silenciosamente saindo de cena, uma após a outra, até chegarmos aos dias de hoje em que os substitutos destes velhos recantos de cultura e de animação são o que são e que os habitantes de Coimbra conhecem.

Fico com o velho e arruinado Sousa Bastos, abandonado há dezenas de anos que, diz quem sabe, poderá ver-se reabilitado e transformado em habitações de renda acessível às quais se juntará um espaço cultural que nos recorde o que foi e como foi aquele local. Dizem que vai ser assim…

Exatamente a partir da notícia dada à estampa pelos diversos órgãos de comunicação social apeteceu-me fazer uma proposta/lembrança aos governantes da urbe no pós requalificação: ponham nas vossas preocupações a possibilidade de incentivar o teatro escolar que, não sendo uma tradição coimbrã, já reuniu alunos e professores dos estabelecimentos de ensino públicos e privados do secundário, em belas jornadas de arte e de convívio.

Graças às arrumadas memórias do meu Amigo José Vieira Lourenço, trago aqui alguns apontamentos para não deixar cair no esquecimento assunto pouco visto pelo grande público, mas com qualidade e entusiasmo de quem por lá teve oportunidade de andar.

Tudo começou no Museu dos Transportes, então sede do Teatrão, onde se realizaram as primeiras Mostras de Teatro Escolar, posteriormente transferidas para a Oficina Municipal de Teatro.

A iniciativa foi do próprio José Vieira Lourenço e da Ilda Rodrigues, ela docente na Escola Secundária Avelar Brotero e ele na Escola Secundária da Quinta das Flores.

Pouco a pouco outros se foram juntando e, se não se transformaram e multiplicaram como as rosas da rainha, houve acréscimo de interesse de mais estabelecimentos de ensino que corresponderam ao apelo da iniciativa.

Os “carolas” viram com prazer que houve quem a eles se juntasse e trouxesse consigo, para além dos alunos das escolas referidas, o Instituto de Almalaguês, os Colégios Rainha Santa e São Teotónio e a Escola Secundária D. Dinis.

Durante 19 mostras de Teatro Escolar muitos alunos por lá passaram, aprendendo e divertindo-se, convivendo e percebendo as realidades, as dificuldades e a importância do teatro na vida de todos. Correndo o risco de deixar para trás quem se esforçou para levar a cabo tal trabalho, e além dos dois já citados professores, quero deixar o meu tributo também â Gracinda Alfafar e ao João Paulo Janicas, pelo muito que trabalharam.

Mas em memória do José Manuel Pereira de Melo, docente do D. Duarte, que cedo nos deixou, deixo também uma reconhecida gratidão pelo seu entusiasmo, enorme disponibilidade e o pioneirismo que não se esquece

E tipo pescadinha de rabo na boca, volto ao Sousa Bastos. Só para lembrar a quem requalifica e representa as instituições que vão pôr mãos à obraque garantam que o programador ou os programadores marquem na agenda as datas de realização de mais uma Mostra do Teatro Escolar.

Provavelmente já não estarei cá para a ver, mas garantidamente que será um bom serviço à Educação e à Arte, aplaudida por quem sabe que a escola não é apenas um lugar onde as matérias curriculares se trabalham exaustivamente.

E obrigado, José Vieira Lourenço, pelo teu empenhamento e entusiasmo. E pela partilha da tua memória.

PS- Ditado popular: “As cadelas apressadas parem os filhos cegos”. Não me meto na disparatada discussão do inúmero número de alunos sem aulas durante o 1º período escolar. A pressa em mostrar serviço deu asneira, como era de prever.

Bem tentou o economista que titula a pasta da Educação fazer o mea culpa, mas não se livra da fama de ter divulgado números falsos pela pressa em mostrar obra que não tinha sido feita. Donde se prova que o ditado popular às vezes bate mesmo certo.

Autoria de:

Linhares de Castro

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