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Opinião: Regressar a casa

08 de julho às 12h36
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Eram cerca das oito e meia da manhã do dia 2 de julho quando aterrei no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, dando assim por terminada a minha “aventura americana”. Sabemos que dizer adeus não é fácil, mas chega um momento em que se torna necessário fazê-lo. É preciso dizer adeus, aprender a por pontos finais, fechar capítulos, encerrar etapas da vida. Para que isto aconteça, necessitamos de coragem e convicção, porque dizer adeus implica sempre a prática do desapego, desapego do lugar onde fomos felizes, dos amigos que deixamos e das memórias que jamais serão apagadas. E acreditem que não foi nada fácil “dizer adeus” a New Jersey e aos Estados Unidos, e regressar a Portugal, depois de quase 10 anos a viver em território norte-americano.
Nos últimos meses que lá vivi pude constatar que o número de portugueses que também estão a dar este passo é cada vez maior, e a cada ano que passa mais pessoas estão a voltar para casa. Sabemos que emigrar é um desígnio nacional, já o afirmava Magalhães Godinho, em 1978: “a emigração é uma constante estrutural da história portuguesa”.
A minha experiência migratória foi muito enriquecedora e regresso “de coração cheio”. Apesar de ser um caminho com alguns obstáculos para aqueles que decidem empreender a aventura de abandonar o seu próprio país, também é algo único e irrepetível que vale a pena ser vivido. Um exemplo disso mesmo é a experiência como professora de língua portuguesa e também de língua espanhola, que me levou a reinventar e descobrir novas formas de ensinar mas sobretudo de aprender.
Ao longo destes anos, muitas vezes dei por mim a pensar nos prós e nos contras desta opção de vida. E. apesar de serem sempre muitos os desafios que vamos encontrando, devemos sempre valorizar cada momento, cada pequeno detalhe. Como aconteceu no dia da cerimónia de graduação do ensino secundário da minha filha Matilde, um momento emocionante e único que jamais poderei esquecer. Senti que tudo tinha realmente valido a pena e que, agora sim, estava pronta para regressar a casa. E cá estou eu.

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