Opinião: Pretória, Banco Mundial e FMI divergem sobre economia sul-africana

No início desta semana, o Banco Mundial elevou a sua previsão de crescimento económico para a África do Sul – atualmente na ordem de 1% -, afirmando que a recuperação da economia mais desenvolvida do continente africano será sustentada pelos setores de energia e logística.
O credor com sede em Washington estimou um crescimento optimista do Produto Interno Bruto (PIB) para 2025 de 1,8% face aos 1,3% anteriores, de acordo com o seu relatório de Atualização Económica da África do Sul publicado na terça-feira, prevendo uma aceleração do crescimento da economia sul-africana para 2% até 2027.
Dois dias depois o Fundo Monetário Internacional (FMI), também sediado em Washington, manifestou-se “preocupado” com o rumo da governação da economia sul-africana pelo ANC de Nelson Mandela.
O FMI estimou que a África do Sul quase duplique o seu crescimento económico anual para 1,7% até 2030, adiantando que poderá chegar aos 2% se forem implementadas reformas políticas de forma mais eficiente. E mais: o FMI mostrou-se preocupado com a “saúde financeira” deste país africano sublinhando que o peso da dívida governamental ultrapassou 75% do PIB no corrente ano financeiro.
As finanças públicas da África do Sul deterioraram-se acentuadamente nos últimos 15 anos desde a crise financeira mundial. Os economistas sul-africanos estimam que o crescimento da economia do país será entre 1,4% e 2% no corrente ano, dependendo do investimento em infraestruturas públicas.
No seu discurso anual sobre o estado da nação, no Parlamento, o chefe de Estado Cyril Ramaphosa declarou na passada quinta-feira que a África do Sul vai registar um crescimento económico de 3%, sublinhando que a sua administração pretende fechar negócios no valor de 100 mil milhões de rands a médio prazo através de parcerias público-privadas. O líder sul-africano anunciou igualmente que o fundo de transformação do empoderamento negro, destinado exclusivamente a empresários negros, será capitalizado anualmente com 20 mil milhões de rands nos próximos cinco anos.
As eleições presidenciais são em 2030, e por aqui, as contas públicas são sempre certas e fáceis de fazer.