Opinião: O Digital simplifica

O ano inicia com a aprovação da Estratégia Digital Nacional (EDN) pelo Conselho de Ministros, uma visão nacional para o digital até 2030. Esta estratégia propõe um plano de ação para 2025-2026 para tornar o nosso país numa referência europeia no domínio do digital, estruturada em quatro dimensões-chave alinhadas com a conhecida “Década Digital 2030” da União Europeia: Pessoas, Estado, Empresas e Infraestruturas.
Na dimensão Pessoas, as metas ambicionam que 80% das pessoas entre os 16 e os 74 anos tenham, pelo menos, competências digitais básicas, ou que os especialistas TIC sejam, pelo menos, 7% da população empregada e que 30% dos especialistas TIC sejam mulheres. Nesta componente, destaca-se o Programa Nacional das raparigas nas STEM (Ciências, Tecnologias, Engenharias e Matemáticas), áreas onde as mulheres continuam hoje sub-representadas, nomeadamente na área das TIC, o que compromete a sua capacidade de competir em setores de alta tecnologia e inovação (atualmente, apenas 1 em cada 5 especialistas TIC e 3 em cada 10 diplomados em cursos STEM são mulheres).
Na dimensão Empresas, os objetivos passam, entre outros, por colocar 90% das PME portuguesas a atingir, pelo menos, um nível básico de intensidade digital, com 75% das empresas a adotar ferramentas de IA (em 2023 eram apenas 8%).
Na dimensão Estado, pretende-se que todos os serviços públicos que sejam suscetíveis de serem prestados de forma digital sejam disponibilizados por essa via e que existam 6 milhões de Chaves Móveis Digitais (CMD) ativas (em 2024 eram 3,8 milhões). Estas permitem o uso de um mecanismo de autenticação segura nos canais digitais do Estado e facilitam o acesso à identidade digital e aos serviços públicos digitais. Entre as iniciativas, a Agenda Nacional para a IA permitirá, entre outros, a aquisição de capacidade de computação para este fim no supercomputador Mare Nostrum 5.
Na dimensão Infraestruturas, pretende-se ter uma infraestrutura digital amplamente conectada, com 100% das áreas povoadas abrangidas por redes de alta velocidade 5G (em 2023, 98% já tinham cobertura de, pelo menos, uma rede móvel 5G). E que, no mínimo, 75% das empresas adotem serviços de computação em nuvem (cloud) – em 2023 eram apenas 32%. Entre as iniciativas de cibersegurança, realça-se o desenvolvimento de uma “cloud soberana” que deverá alojar os dados das entidades da Administração Pública.
Este plano configura uma visão de transformação que vai, claramente, muito para além da tecnologia. Que este seja um bom ano no caminho para esta transformação digital, uma via para criarmos uma sociedade mais evoluída, mas também mais inclusiva e sustentável.