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Opinião: Novo Aeroporto de Lisboa (I)

18 de maio às 13h43
1 comentário(s)

O alívio foi parecido com o que sentimos ao percebermos que a barragem do Alqueva ia ser finalmente construída. “Construam-me P…” é exatamente o que pensávamos, julgo, quando mais e mais estudos, mais e mais hipóteses nos iam passando pelos olhos pelo menos desde o 25 de Abril de 1974.
Decidam-se pelo Amor de Deus! E decidiram!
Em princípio seria para não pensarmos mais no assunto até um belo dia a fita ser cortada em Alcochete.
Mas não!
Ainda a decisão estava quente e já se ouvia um professor catedrático explicar que não era lá muito boa ideia construir um aeroporto e a respetiva cidade aeroportuária por cima da maior reserva de água doce que temos em Portugal. Um aquífero subterrâneo que, por debaixo das pistas, armazena, ao que ouvi, uma quantidade de água correspondente a 50 Alqueva(s). É de assustar ou não? É que, pelos vistos, ainda falta o Estudo de Impacto Ambiental e a ser verdade este grande lago será, talvez, um problema…
Aliás, continuava, o senhor professor que, se as leis do ordenamento se cumprissem em Portugal ainda seria possível aceitar, mas como dizia um amigo do professor “em Portugal só se cumpre a lei da gravidade” …
Depois temos a questão jurídica e financeira.
A gestão dos aeroportos em Portugal tem dono. Foi concessionada à ANA que, por sua vez, foi comprada pela Vinci.
Ora, da última vez que ouvi falar deste assunto a ANA fazia saber que estaria disposta a suportar os custos de um novo aeroporto no Montijo e, presume-se, por isso não alterar significativamente o contrato de concessão.
Vários especialistas dizem que o que existe já não se inclina a favor do Estado Português. Como ficará se tiver de acomodar os custos de uma nova operação em Alcochete e o phasing out da Portela é coisa para ultrapassar a subida das taxas aeroportuárias, a retenção de 1% das receitas de exploração para além dos 10 anos em que a ANA fica com todas as receitas. É coisa para, daqui a uns tempos, nos vir parar aos bolsos como vieram as SCUT, o aumento descontrolado do déficit, da dívida e assim.
E ainda temos a terceira travessia sobre o Tejo e a Alta Velocidade. Mas disso falaremos numa outra ocasião.

Autoria de:

Cristina Azevedo

1 Comentário

  1. aeroinocente diz:

    Vivemos num país em que é impossível confiar quer nos políticos quer nos serviços técnicos do estado quer na suposta independência da “Universidade” e que caminhamos necessariamente para o abismo 🙁
    Como podem os pais de hoje, a troca de uma choruda nota comprometer o futuro dos seus filhos? querem maiores mercenários?

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