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Opinião: Melhor Gestão do SNS: urge escolher os melhores!

13 de março às 10h43
1 comentário(s)

Os portugueses, incluindo os trabalhadores do sector da saúde, trabalham muitas horas. Em média, 1850 horas/ano. 1350 horas/ano é a média do trabalhador alemão.
Olhando para o PIB e para os salários baixos, ficamos preocupados porque não sabemos o que andamos a fazer!
No Serviço Nacional de Saúde (SNS) não é diferente. Horários longos, recordes de trabalho extraordinário, carreiras obsoletas, precaridade com médicos tarefeiros a custarem 300 milhões/ano e baixos salários.
Apesar de se reconhecer a debilidade da gestão, dados da OMS evidenciam que Portugal é o 7º melhor país em termos de cobertura universal da população com cuidados de saúde (ver link https://www.statista.com/chart/31420/uhc-service-coverage-index-by-country/).
O que faz a diferença na Alemanha, é a boa gestão. Salários certos e justos com carreiras atrativas e vivas.
E, o que é a boa gestão? Deve ser vista como uma ciência com profissionais competentes que conhecem e seguem as boas práticas, e não como uma arte de nomear gestores e de inventar. O Gestor existe para melhorar a produtividade da equipa para poder aumentar vencimentos e ter carreiras atrativas, e não aumentar o horário de trabalho e a burocracia como validar o dedómetro.
Ninguém aceita um médico cirurgião que não tenha a formação especializada exigida. Nem tão pouco, um gestor bancário sem formação específica (obrigatória) para o desempenho da função.
Mas todos aceitam que a gestão de topo de uma Unidade Local de Saúde (ULS) ou gestão intermédia de um hospital, possa estar entregue a quem não tem qualquer formação ou experiência para o desempenho dessa função. Por exemplo, um médico recém especialista pode ocupar o lugar de Diretor Clínico de um hospital!
É sabido que os hospitais e agora as ULS, são estruturas organizacionais complexas. Com orçamentos na ordem das centenas de milhões de euros e milhares de trabalhadores altamente diferenciados.
A gestão em geral encontra-se em Portugal numa encruzilhada “rotineira” que premeia a nomeação dos maus gestores, conhecidos e amigos. Os mais diferenciados, do topo da carreira são preteridos. Veja-se, quantos chefes de serviço, são Diretores Clínicos dos hospitais?!
Olhando para as concretizações da nova DE-SNS, consta-se a réplica das piores práticas na seleção e recrutamento dos dirigentes para as novas ULS.
Replicam-se os erros do passado, renovando mandatos de três anos sem qualquer avaliação pública e sem qualquer publicação de carta de compromisso para os próximos três anos!
Depois, a dois dias das eleições legislativas, publica-se em Diário da República, para os Departamento da própria DE-SNS, a nomeação dos primeiros Diretores, dirigentes intermédios, justificando a vacatura do lugar, em regime de substituição, sem nunca ter conseguido abrir concurso público como a lei exige!
O reforço qualitativo da gestão do SNS exige uma estratégia nacional do novo Governo, centrada na qualificação da gestão das Unidades de Saúde. Fazer bem e melhor.
Urge acabar com a utilização recorrente da colocação de dirigentes que se eternizam em regime de substituição, acabar com a seleção individual para órgãos colegiais, introduzindo a seleção de uma equipa e promover eleições com programa de ação para as Direções Clínicas, atraindo os melhores para se candidatarem.
O SNS necessita de lideranças inovadoras e responsáveis com espaço efetivo de participação de todos, evitando resoluções despropositadas e burocráticas.
Cabe ao novo governo, criar condições para se promoverem processos de recrutamento onde sejam escolhidos os melhores com capacidade de inovação, liberdade, valor público, sentido de responsabilidade, prestação de contas e trabalho de equipa.
O uso do chavão político recorrentemente afirmado da “melhor gestão da saúde” não será mais do que uma absoluta contradição.
A ver vamos se a nova maioria de direita irá “limpar Portugal” ou se irá limitar-se a passar “Cheques Consulta” e outros cheques para o sector privado.

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1 Comentário

  1. Poortugues diz:

    A boa gestão tem de começar por:
    – Fazer turnos de 8horas com 2 dias de descanso semanal em vez de turnos de 24horas com folgas adicionais.
    – Fazer cumprir os horários nos respetivos serviços de saúde em vez de estarem escalados para o público (e a receber por isso) e estarem ao mesmo tempo a dar consultas no privado.
    – Promover a competência nos serviços e acabar com as horas de espera nas urgências por pura incompetência e desleixo dos seus trabalhadores.

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