Opinião: 19 de julho e 25 de novembro – Liberdade no Horizonte!
“A 19 de Julho de 1975 teve lugar na Alameda D. Afonso Henriques um comício do Partido Socialista (PS) que ficou conhecido como “Comício da Fonte Luminosa”. Na voz do seu Secretário-Geral, Mário Soares, é exigida a demissão do Primeiro-Ministro Vasco Gonçalves e referida a ameaça de paralisar o país. Este comício, quer pelo conteúdo dos discursos, quer ainda pela grande afluência que teve, é considerado como um dos momentos decisivos na disputa de influência política na sociedade portuguesa”.
Há uma correlação directa entre o 19 de Julho de 1975 e o 25 de Novembro do mesmo ano. Não o entender é hipocrisia e descaramento.
Não se reinvente a história…respeite-se!
O Partido Socialista rejeitou liminarmente a comemoração do 25 de Novembro de 1975 sem nenhum argumento político, em sede de Assembleia da República.
O Partido Socialista deixou ao critério dos partidos de direita a proposta de comemoração da data, não assumindo de forma frontal e determinada, que foi o PS que esteve na génese do movimento. Só é necessário consultar os documentos da época para que todos percebam que foram dirigentes do PS a liderar todo o processo com o 19 de Julho, naturalmente sobre a superior liderança de Mário Soares.
Mário Soares não merecia tal desconsideração!
O PS poderá e deverá comemorar o 25 de Novembro porque foi o culminar de um processo doloroso para muitos socialistas que deram tudo o que tinham e não tinham pela afirmação da liberdade individual.
O 19 de Julho que se comemora no Distrito de Coimbra como o “Dia da Federação de Coimbra”, significa o respeito pela memória de Mário Soares, Fernando Vale a nossa eterna referência de Cidadão Íntegro e Impoluto, de António Arnaut pela “construção” do Serviço Nacional de Saúde que tantas comichões fazem a tão poucos, mas decisores, de Fausto Correia, um Amigo dos Amigos e até dos “menos Amigos” que colocou a sua capacidade de liderança e muito da sua vida ao serviço da “Sua Coimbra” e, tantos outros que tiveram da vida, um sentido ético de respeito pela liberdade individual e afirmação de um Povo.
Respeito também por muitos outros, mesmo muitos, que arriscaram a vida e dos seus familiares rumando a Lisboa em nome de um País livre para todos, independentemente da forma como cada um pensa. Que saudades tenho de todos eles…porque quem não tem saudades, não viveu!
Devemos também honrar os Fundadores do PS, alguns ainda vivos como António Campos, porque a eles devemos a nossa existência de grande partido da resistência, da democracia e da liberdade.
Devemos a Manuel Alegre e a António Portugal os poemas, a música e a musicalidade com que resistimos ao Salazarismo e ao Marcelismo, mas também aos que nos queriam em 1975 agrilhoar.
O Partido Socialista e os seus dirigentes têm a obrigação moral e ética de encontrar uma forma digna de comemorar mais um dia de liberdade; o 25 de Novembro de 1975!
Estivemos naquela época, quase sob o jugo de uma potência que subjugou até 1989 um vasto número de países e de Povos.
Não necessitámos de esperar tanto, porque nos antecipámos!
Curiosamente, história repete-se, em 2024. Só que agora, a democracia vencerá! De novo!
Curiosamente, ou talvez não, Pedro Delgado Alves, vice-presidente da bancada do PS, recusou colocar no mesmo plano o “25 de Abril de 1974 e a operação militar de 25 de Novembro”…como se o 25 de Abril não tivesse sido uma operação militar!
Ao que chegámos!