diario as beiras
opiniao

Opinião: Em defesa do Bolo Rei

28 de dezembro às 15h14
0 comentário(s)
África do Sul - Carlos Henriques

Trata-se de um tesouro nacional que une as famílias portuguesas há pelo menos cerca de 200 anos. É também uma homenagem aos três reis magos, ou sábios, e os presentes que estes levaram ao menino Jesus no dia do seu nascimento, segundo o Novo Testamento. Assim, as prendas estão representadas nos ingredientes. O ouro, simbolizado pela crosta dourada do bolo pincelada por uma gema de ovos; as frutas cristalizadas, que representam a mirra, e o incenso o aroma, em alusão ao caráter sagrado de Jesus.
No entanto, os primeiros registos deste doce remontam dos romanos, que usavam a fava para eleger o rei da Festa. Na nossa tradição, o Bolo Rei contém um pequeno brinde também além da fava, sendo por isso um doce repleto de tradição desde a sua introdução em 1869 pelo herdeiro da Confeitaria Nacional, que importou a receita de França, sendo elemento central nas celebrações da quadra natalícia em Portugal, refletindo a diversidade da cultura portuguesa.
Diria que a popularidade do nosso Bolo Rei transcende fronteiras e inspira outros povos a seguirem o exemplo, mantendo a tradição anual nesta época festiva. Na atualidade, em que ditaduras se disfarçam de democracias, em que as liberdades são manietadas pelo politicamente correto, é no Bolo Rei que a esperança da amizade renasce, sendo uma excelente ponte para o diálogo.
Todavia, é preciso valorizar a arte dos pasteleiros, dos confeiteiros, e o próprio doce, defendendo a sua identidade cultural e estatuto de clássico. Por exemplo, não é de bom-tom elevar o Panetone a “ícone” da pastelaria festiva de Portugal para um “duelo” na mesa de Natal, discriminando o Bolo Rei, como propõe o wokismo republicano atual.
O Bolo Rei português, seja Tradicional, Entrançado, de Frutos Secos, Ovos Moles, Chocolate ou Escangalhado, é exemplo único, de excelência e elegância à mesa. Mais: esta arte secular dos pasteleiros e confeiteiros portugueses tem contribuído imenso para o prestígio desta iguaria divina, típica e tão característica das tradições natalícias dos portugueses, assim como do país, há mais de cem anos.

Autoria de:

Carlos Henriques

Deixe o seu Comentário

O seu email não vai ser publicado. Os requisitos obrigatórios estão identificados com (*).


Últimas

opiniao