Opinião: Duas Mulheres excepcionais
Este é o último texto que aqui publico em 2024.
Um ano que não me deixará saudades…
Não só pelos conflitos que grassam pelo Mundo, onde matar e destruir são as palavras de ordem, com uma crueldade tão chocante quanto a indiferença com que a encaram os que podiam (e deviam!) exigir o seu termo.
Por ter sido também um ano complicado em termos pessoais, com graves problemas de saúde.
Mas, sobretudo, porque foi um ano que me levou vários e muito bons Amigos.
Não posso aqui referir todos eles, pois o espaço que o jornal me atribui é escasso para tantas referências que, infelizmente, importaria registar.
Assim, vou aludir apenas a duas antigas estudantes de Coimbra que nos deixaram recentemente.
Duas Mulheres excepcionais, com quem tive o privilégio de conviver ao longo de décadas e que muito me honraram com a sua amizade.São elas: Maria Teresa de Melo Duarte Alegre Portugal, de 85 anos, Professora do ensino secundário (fomos colegas enquanto docentes na Escola Secundária de José Falcão); e Maria Elisette da Silva Dias Carvalhas, de 95 anos, Professora da Faculdade de Farmácia e investigadora da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.
Ambas se destacaram não só no Ensino, mas também na Política.
Teresa Portugal foi destacada militante do Partido Socialista (tal como seu Irmão, o poeta Manuel Alegre, e o seu Marido, António Portugal, nome grande da guitarra de Coimbra). Para além de deputada à Assembleia da República, foi Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Coimbra, onde levou a cabo uma obra notável.
Elisette Carvalhas foi uma das fundadoras do CDS, partido em que exerceu diversos cargos, a nível local, nacional e internacional, tendo também sido deputada à Assembleia Municipal de Coimbra. Para além da actividade política e académica, dedicou-se igualmente, com entusiasmo, a várias obras sociais. Era viúva de Anselmo Carvalhas, prestigiado médico e Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, que foi Presidente da AAEC – Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra, entre 1996 e 2001.
Ainda uma outra coincidência que me toca: ambas são Mães de jornalistas que muito estimo. Teresa Portugal, Mãe de Manuel Alegre Portugal (que foi meu aluno de jornalismo), que deixou a RTP para se dedicar à guitarra de Coimbra, mas voltou depois à televisão, onde se afirma como excelente repórter. Elisette Carvalhas, Mãe de Pedro Carvalhas, um dos melhores pivots da TVI.
Como acima refiro, estas duas grandes Senhoras distinguiram-me com a sua amizade, circunstância de que muito me orgulho. Mas, como fica bem evidente, não é por isso que aqui as menciono.
Faço-o, isso sim, porque são dois exemplos enquanto profissionais, enquanto políticas, enquanto cidadãs.
Duas Mulheres que tanto dignificaram a condição feminina, ao longo de toda a vida e desde muito jovens, especialmente numa época em que tal implicava trabalho árduo e profunda determinação, mas também grande ousadia para enfrentar preconceitos e muita coragem para vencer adversidades.
Duas Mulheres vanguardistas, ideologicamente distanciadas, mas comungando princípios essenciais para a construção de uma sociedade mais justa, mais humanista, mais solidária.
Todas as homenagens que lhes façam são bem merecidas!
Porque ambas são modelos que devem servir de inspiração para todos nós, importa divulgar, especialmente junto dos mais jovens, o precioso legado que nos deixaram.
É isso que, de forma singela, aqui estou a tentar fazer.
(Atendendo à época festiva que se aproxima, aproveito para aqui deixar também os meus votos de Boas Festas e de que 2025 seja um bom ano para todos os que fazem este jornal, para os Leitores, para as suas Famílias, para todos nós).