Opinião: Do Novo Conselho de Veteranos
Quem acompanha os enredos que passam nas cortes Académicas, saberá que no ano de 2019 o anterior e velhinho Dux Veteranorum da Universidade de Coimbra foi deposto em prol duma geração nova de Veteranos. Quem me apraz falar hoje são precisamente esses Estudantes, que me têm acompanhado na liderança do Magno Conselho de Veteranos desde essa data. Nas últimas décadas, a personagem do ‘Veterano da Praxe’ não tem recolhido uma imagem propriamente positiva. Nos tempos pré-bolonha eram comuns os tais ‘dinossauros’ que se alongavam nos seus estudos pelas mais variadas razões. Mas, alás, para a sociedade moderna e global, a experiência vivante que um Veterano ‘dinossauro’ partilhava com os seus colegas mais novos já não servia para compensar a caderneta de chumbos, num meio onde a excelência Académica deve ser o principal foco. Com o famigerado Processo de Bolonha desapareceram os ‘dinossauros’, mas permaneceu ainda o estigma contra o ‘Veterano’, por mais que o Conselho de Veteranos da altura tivesse passado a exigir como condição para o ser, ter uma licenciatura terminada. Não ajudou à condição o facto do representante máximo dos Veteranos fosse, durante muitos anos, ele próprio um exemplo daquilo que a sociedade já não queria valorizar. Esta foi uma das razões que levaram o grupo Conjurados XXI a forçar um novo rumo em 2019. Passados dois anos dessa peripécia, falo com orgulho do novo Conselho de Veteranos sem receio de trazer perjúrio à imagem da Universidade de Coimbra.
A Comissão Permanente, órgão que me auxilia, é hoje composta não por Veteranos-cábula mas por estudantes de Doutoramento com largas contribuições nas suas áreas de investigação, membros activos de Grupos Académicos, um médico recém-formado de futuro renome, mestrandos em dissertação e outros Veteranos que, mesmo não pautando dum currículo académico prístino, compensam pela dedicação activa no meio académico através da participação cívica, cultural e desportiva. Todos eles sem excepção, assaz assíduos da boémia e do fado e ‘jovens que sentem no peito sancto amor da sciencia brotar’!
A clausura de que o Conselho de Veteranos padecia foi substituída pelo dinamismo activo e presente. Para além dos Veteranos, contamos ainda com cerca de 40 representantes de curso, que ajudam a partilhar a Lição Coimbrã com os mais novos.
Não fosse a pandemia e teríamos dado continuidade a iniciativas de utilidade pública, como foi o caso da criação do estatuto de Tascas de Interesse Académico, das visitas ao Museu Académico, da diminuição do lixo e latas de cerveja no Cortejo da Queima das Fitas, da visita às Repúblicas e grupos Académicos, da limpeza de graffitis na cidade e…se mais tempo houvera…! Com tantas espadas de Damócles que pairavam por cima da Praxe Académica, creio que não poderia ter vindo em melhor altura a inquietação dum pequeno grupo de Veteranos que conseguiu ressuscitar um órgão histórico.
Relembro muitas vezes aos meus colegas que não nos cabe a nós, Veteranos, ser os “polícias da praxe”, mas sim os Professores e o Exemplo para que os mais novos possam emular e criar no futuro uma iteração de Coimbra mais fiel a si própria. Veteranos – não da Raposa – mas sim do espírito e alma Coimbrã! “