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Opinião de Jorge Castilho: Espírito de Coimbra bem vivo no Porto

03 de abril às 10h58
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“Celebrar o passado, preparar o futuro” – eis o lema da lista que encabecei e que acaba de ser reeleita para dirigir os destinos da Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra (AAEC) nos próximos três anos. E muito temos para celebrar.

Desde logo neste mês de Abril, que é rico em efemérides.

A AAEC vai participar em diversas actividades comemorativas da mais importante: os 50 anos da Revolução de 25 de Abril de 1974, que pôs termo a quase meio século de regime ditatorial. Para tal foi relevante o contributo dos estudantes que ousaram afrontar esse regime em duas grandes “Crises Académicas”: a de 1969, mas também a de 1962 – esta última menos conhecida, sobretudo pelas gerações mais recentes, mas que teve grande influência e custou caro a centena e meia de dirigentes estudantis, presos pela polícia política e expulsos da Universidade.

Aqui voltaremos a abordar o tema em próxima oportunidade, pois estamos a preparar, em conjunto com a AAC, uma série de iniciativas que marquem o número simbólico: 62 anos da Crise de 62.

Quanto à Crise de 1969, completam-se 55 anos, no próximo dia 17, que ela foi desencadeada, na inauguração do Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra, em que o Presidente da República, Américo Tomás, não deixou usar da palavra o então Presidente da AAC, Alberto Martins.

Os estudantes reagiram, protestaram, e essa ousadia levou à imediata prisão de dezenas deles e à sua incorporação no Exército, vindo a ser espalhados por unidades militares de todo o País. Foi um erro do regime ditatorial (que governava o País há mais de quatro décadas), pois os jovens dirigentes estudantis foram politizando os oficiais do quadro, assim contribuindo para a Revolução que triunfou a 25 de Abril de 1974.

Entretanto, é já amanhã, 4 de Abril, que passam 70 anos sobre uma acção estudantil que ficou conhecida como “Tomada da Bastilha II”, porque replicou o que, em 1920, outro grupo fizera, ocupando edifício para exigir instalações adequadas para a AAC. Desta segunda “Tomada da Bastilha” viria a resultar a construção da actual sede da AAC e do TAGV. O último sobrevivente da ousadia foi o Prof. Polybio Serra e Silva, que faleceu há cerca de ano e meio (a 14 de outubro de 2022, com 94 anos), que propôs que a 4 de Abril se celebrasse o “Dia do Antigo Estudante”.

E é isso que amanhã vamos fazer no Porto, com três iniciativas de grande significado.

Primeiro iremos inaugurar, pelas 16 horas, a Delegação da AAEC no Porto (na Praça Humberto Delgado, 267 – 4.º andar – Sala 8 ).

Às 18 horas, na Fundação Eng.º António de Almeida, haverá uma conferência de homenagem à memória do Dr. Fernando Aguiar Branco, que foi Presidente daquela Fundação e generoso mecenas da Universidade de Coimbra, onde se licenciou em Direito. A conferência está a cargo do Prof. Rui Figueiredo Marcos, mas intervirão também o Vice-Reitor da Universidade de Coimbra, Prof. João Nuno Calvão da Silva, o Presidente da Fundação, dr. Augusto Aguiar Branco, e eu próprio, enquanto Presidente da AAEC.

Por último, decorrerá um jantar na Fundação AEP, com a presença de muitos antigos e actuais estudantes da Universidade de Coimbra, em que será prestada singela homenagem a cinco antigos estudantes de Coimbra: o eng. Napoleão Amorim, o mais veterano dos intérpretes da canção de Coimbra, que faleceu em Outubro do ano passado, com 99 anos; o juiz conselheiro jubilado dr. Francisco Diogo Fernandes, que foi fundador da AAEC no Porto e faleceu no passado dia 7 de Março, com 86 anos; a dr.ª Manuela Carvalhão Teixeira Santos, uma das mais dedicadas Associadas da AAEC, que faleceu no passado dia 10 de Março, com 91 anos; o Prof. Poiares Baptista, Vice-Presidente da Mesa da Assembleia Geral da AAEC, que faleceu no passado mês de Novembro, com 96 anos; e o Prof. Polybio Serra e Silva.

Para além destas justas homenagens, ouvir-se-á a canção de Coimbra, interpretada pelo veterano grupo “Pardalitos do Mondego” e por um outro grupo de jovens da Secção de Fado da AAC.

Enfim, será uma jornada de verdadeiro convívio entre muitas dezenas de antigos alunos da Universidade de Coimbra, de várias gerações, irmanados pelo mesmo sentimento de pertença à sua Alma Mater.

Ler notícia completa na edição de hoje do DIÁRIO AS BEIRAS

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