Opinião: Cheias de 2024 no Rio Grande do Sul

As cheias no Rio Grande do Sul causaram uma devastação sem precedentes, afetando profundamente a população, a infraestrutura e a economia do estado. O número de mortos ultrapassou 180 pessoas, com outras ainda desaparecidas. A tragédia deixou mais de 600 mil pessoas desalojadas e mais de 800 feridas.
Além das perdas humanas, as cheias estão a provocar sérios problemas de saúde pública. Atualmente, há um surto de leptospirose a propagar-se, com 141 casos confirmados e pelo menos sete mortes devido a complicações da doença. A contaminação da água e as condições insalubres aumentaram significativamente o risco de doenças.
A infraestrutura do estado foi severamente danificada, com 431 dos 497 municípios a sofrerem danos significativos. Porto Alegre, capital do estado, viu o nível do Lago Guaíba subir a níveis recordes, inundando grande parte da cidade e tornando muitas áreas inacessíveis. Mais de 500 mil pessoas ficaram sem eletricidade e água potável, e muitas escolas foram danificadas ou usadas como abrigos temporários.
O impacto económico das cheias foi devastador. O setor agrícola sofreu perdas estimadas em R$ 2,7 bilhões (aprox. € 490,9 milhões) na agricultura e R$ 245,4 milhões (aprox. € 44,6 milhões) na pecuária. Aproximadamente 90% dos negócios no estado sofreram perdas parciais ou totais, impactando significativamente a economia local e nacional. O comércio externo do estado, crucial para a economia brasileira, também foi severamente afetado, prejudicando as exportações.
A gestão e recuperação pós-cheias apresentam enormes desafios. A falta de infraestrutura adequada para prevenir cheias, combinada com a urbanização desordenada e a degradação ambiental, exacerbou a situação. É essencial que o estado e os municípios invistam em infraestrutura de drenagem, reflorestamento e conservação ambiental, além de melhorar o planeamento urbano para evitar construções em áreas de risco.
O governo federal e estadual oferece auxílio emergencial às vítimas das cheias. Medidas adicionais, como empréstimos subsidiados para pequenos negócios, foram implementadas para apoiar a recuperação económica.
As cheias são uma das piores catástrofes climáticas do estado, com impactos profundos. A recuperação será longa e complexa, exigindo esforços conjuntos de governos, sociedade civil e setor privado para fortalecer a resiliência contra futuras tragédias.