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Opinião – Abdicar

26 de abril às 09 h50
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Há uma fulanização da vida, uma necessidade de dedos apontados que leva a confusões interessantes e demagogicas. A morte de um Papa como Jorge Mario Bergoglio (Buenos Aires, 17 de dezembro de 1936 – Vaticano, 21 de abril de 2025 ),que foi o 266.º Papa da Igreja Católica, Bispo de Roma e Soberano da Cidade do Vaticano tem a mesma importância institucional da morte de Joseph Aloisius Ratzinger (Marktl am Inn, 16 de abril de 1927 – Vaticano, 31 de dezembro de 2022 ), que antecedeu Francisco e igualmente foi o 265° Papa da Igreja Católica, Bispo de Roma e Soberano da Cidade do Vaticano entre 19 de abril de 2005 e 28 de fevereiro de 2013, quando abdicou. É considerado, no catolicismo, um dos maiores teólogos da história mas deste não escreveram textos solenes líderes partidários. Sabem porquê?
Bento XVI era Papa como foi Francisco. Os dois representam uma instituição onde só existem nesse sentido e nessa investidura. Do ponto de vista estrito das personalidades serão o avesso um do outro, no consentimento do concílio que os escolheu. São imagem de estratégias institucionais. Bento XVI era um teólogo e fez o que raramente aconteceu : abdicou! Como Mandela, e poucos mais, num mundo em que a eternidade do poder fascina dezenas de tiranos e bufões.
A maioria gostava mais de Francisco que de Benedito, mas a realidade é que eram exactamente a mesma coisa: os representantes da igreja como seguimento de uma forma de fé. Acreditar em Deus à luz desta igreja, não permite que se distinga os seus representantes como melhores ou piores. Eles são unos, transversais e equitativos. Sair disto é para os não católicos, para os que não vão nunca à missa,os que têm cultos de fé diferentes. Por muito que possa doer, a igreja não são pessoas, é um culto, um modo de ler a vida carregando os mil erros que também a definem num percurso de milhares de anos debaixo dessa espécie difícil que são os humanos.
Abdicar é um sinal de humildade na época do egoismo. Abdicar é a mensagem maior do legado doutrinal de Bento XVI, que só os imensos conseguem. Sair de cena para que novas representações surjam, para que outros protagonistas desabrochem é a magia que só recordo em Mandela para lá de Bento XVI. Mas a surpresa pode cair dos lugares e seres mais inesperados e há um ano, AMLO (Luis Obrador- México) abdicou de concorrer a uma presidência garantida.
Há pessoas fantásticas no mar da vaidade em que vivemos e isso devia ser sofisticado na sabedoria de todos.
Estes três magníficos acompanham outro ser desapegado: o Mahatma Gandhi. Sou um profundo seguidor destas quatro enormes figuras da humanidade e sei que são contraditórias, mas transmitem o mais incrível dos legados – sair para que tudo continue de modo dinâmico.

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