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Opinião: A trégua olímpica

29 de julho às 10h47
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A recente visita do Presidente chinês Xi Jinping a Paris, onde apoiou a trégua olímpica proposta pela ONU e pelo COI, e aprovada por Emmanuel Macron, reacendeu a esperança de que o desporto possa promover a paz mundial.

A trégua olímpica, ou “ekecheiria” na Grécia Antiga, permitia que atletas e espectadores viajassem em segurança durante os Jogos Olímpicos. No entanto, pode esta ideia ter impacto nos conflitos modernos? Historicamente, a trégua olímpica raramente impediu guerras.

Durante o século XX, as duas guerras mundiais e inúmeros conflitos regionais continuaram durante os Jogos Olímpicos. Mais recentemente, a guerra Russo-Georgiana de 2008 e a invasão da Crimeia em 2014 ocorreram durante os Jogos, mostrando que a trégua muitas vezes é ignorada.

Atualmente, Moscovo não rejeitou a trégua olímpica mas tambem não a confirma. O Kremlin expressa desconfiança, sugerindo que Kyiv poderia usar este período para se rearmar.

Esta resposta reflete a complexidade das guerras modernas e a dificuldade em estabelecer cessar-fogos temporários. Nos anos 90, Juan Antonio Samaranch, presidente do COI, conseguiu um cessar-fogo temporário durante os Jogos de Lillehammer em 1994, no auge da guerra na ex-Jugoslávia, mostrando que com diplomacia e esforço internacional, é possível alcançar tréguas pontuais.

No entanto, tais instâncias são exceções. Pierre de Coubertin, visionário dos Jogos Olímpicos modernos, acreditava que o desporto poderia promover a paz mundial. A sua visão de usar atletas como embaixadores de paz é nobre, mas talvez ingénua frente às realidades dos conflitos atuais, muitas vezes alimentados por questões económicas e territoriais profundas.

Embora a trégua olímpica possa parecer utópica, a sua promoção é vital. Os Jogos Olímpicos oferecem uma plataforma global para disseminar mensagens de paz e solidariedade.

Mesmo que a trégua não consiga parar guerras, pode fomentar diálogos e criar momentos de reflexão sobre a futilidade dos conflitos.

A trégua olímpica é um símbolo de esperança e um lembrete dos valores de respeito, amizade e excelência que podem inspirar um mundo mais pacífico.

Autoria de:

Rui Duarte

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