Opinião: “A mudança como regra”
Dos anos que temos vivido ficará um dia a memória de como fomos capazes, enquanto comunidade, de fazer frente ao cenário de profunda incerteza que vivemos. E em fase de discussão do Orçamento do Estado para 2022 importa perceber onde estamos e para onde nos propomos ir.
Vivemos tempos duros. Em menos de uma década o nosso país terá enfrentado as ondas de choque da crise da dívida pública da zona euro, de uma pandemia e de uma guerra na Europa, em plena crise climática.
A quantidade de elementos profundamente disruptivos que temos vivido marcam um novo tempo, que se consolida, onde a velocidade das mudanças geopolíticas, sociais, económicas e tecnológicas é cada vez mais visível.
Quando as mudanças se tornam a regra, há que encarar a mudança como parte de uma nova realidade: mais exigente, necessariamente mais ágil e mais rápida.
Adaptar o país a este contexto implica uma visão de fundo, estrutural, capaz de aliar a solidariedade social a um reforço efetivo da resposta do Estado, dotando-o de maior capacidade, modernizando-o e diminuindo as suas dependências face aos já identificados riscos futuros.
Mais que as medidas, isoladamente, o Orçamento do Estado apresentado para 2022 terá que ser tudo isto: um corpo coeso, capaz de aliar medidas de mitigação das ondas de choque da pandemia e da guerra, com o reforço de uma orientação estratégica da soberania do país.
Face a um contexto inflacionista, que do primeiro Orçamento do Estado para 2022, apresentado em outubro de 2021, se cifrava nos 0,9% para este, de abril, que aponta para um horizonte de 4%, será fácil intuir que os próximos tempos se manterão incertos.
Mesmo com a almofada de 1800 milhões de euros que o Orçamento do Estado prevê para medidas de mitigação dos preços da energia, de apoio à redução dos custos das empresas ou na agricultura e produção, a verdade é que terão que começar a ser desenhados caminhos que minimizem a exposição a estas fragilidades.
Adaptar os sectores tradicionais à mudança que já chegou é uma urgência. A nossa região está, como o país, a mudar a uma velocidade vertiginosa. Vemo-lo, todos os dias, na exigência que os fenómenos naturais trazem à nossa agricultura, na dependência energética de muita da nossa indústria, no acesso a recursos naturais como a nossa insuspeita lampreia, ou nas vulnerabilidades a ciberataques da esmagadora maioria das nossas empresas locais.
A nossa região tem um papel a desempenhar neste esforço conjunto que estes tempos nos trazem. Não somos, certamente, imunes ao contexto e teremos pela frente um exigente esforço de adaptação. Todas as novas realidades comportam dores de crescimento, mas cabe-nos a nós a missão de criar vencedores destes novos tempos, sem que para tal permitamos que se crie um exército de vencidos.
A minha atividade na semana passada
A passada semana foi marcada pela entrega do Orçamento do Estado e pela tomada de posse das Comissões Parlamentares. Integrarei esta Legislatura a Comissão de Educação e Ciência, onde desempenharei funções como Coordenador do Grupo Parlamentar do PS.