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Opinião: “A galinha dos ovos de ouro”?

12 de dezembro às 12h05
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A subscrição mensal do ChatGPT Pro foi anunciada recentemente como passando a integrar o o1, um modelo de raciocínio que é descrito como sendo “semelhante ao de um estudante de doutoramento” (in Sapo Tek), muito mais eficiente do que o Plus no que respeita a programação, modelos complexos e na capacidade de explicar o que está a ser proposto, ou seja, um modelo que contribuirá ainda mais para o aumento da produtividade dos seus utilizadores, enquadrando-se na tipologia Inteligência Artificial Geral.

A subscrição mensal deste serviço custará 200 dólares. É importante refletir sobre esta evolução e sobre a forma como muitas soluções desta natureza estão a definir os seus modelos de negócio: quando foi disponibilizada a primeira versão do ChatGPT para o público em geral, ela era gratuita. Passados 3 meses, surgiu uma versão paga, o ChatGPT Plus, que hoje tem mais de 10 milhões de subscrições pagas. E, finalmente, agora uma versão que custa 10x mais.

A Open AI anunciou – para 2024 – 2,7 mil milões de dólares de receita esperada. Estas soluções, enquanto gratuitas ou a preços acessíveis, são testadas exaustivamente com dados que lhes fornecemos. Assim que os modelos estão mais “afinados”, são disponibilizadas versões pagas, premium, plus, etc, que passamos a ter de pagar se não quisermos perder tudo o que já investimos nessas ferramentas, com as subscrições a serem canceladas no exato momento em que deixamos de as pagar.

Diz-se que “se não pagas pelo produto, então é porque és tu o produto” e é disso que se trata nestes modelos de negócio: o consumidor não paga mas está a contribuir ativamente para que os produtos se tornem numa melhor versão, para atrair um público bastante diverso.

Outros exemplos desse tipo, em contexto de educação: o Canva ou o Gamma para apresentações; o Mentimeter para quiz; o Padlet para aprendizagem colaborativa; que viram reduzidos ao limite mínimo as versões gratuitas; e os cookies em todos os serviços web que usamos e sem os quais a solução é… não usar.

Naturalmente, a propriedade dos nossos dados está nos termos de utilização e nas políticas que aceitamos sempre que subscrevemos um serviço ou nos registamos para fazer o possível com a versão gratuita. Também sabemos que os nossos dados representam uma assinalável fonte de receita para estas empresas e que o objetivo de um negócio é o lucro. Mas isso não invalidada que se reflita sobre para onde caminhamos e que, estes negócios, são verdadeiramente uma “galinha dos ovos de ouro” que parece ser inesgotável. Em contraciclo, deixo o exemplo do browser DuckDuckGo, gratuito, onde não estamos sujeitos a publicidade, cookies irritantes e demais abusos. Pelo menos por enquanto!

Autoria de:

Isabel Pedrosa

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