Opinião: A Europa a marcar passo
Este título, inspirado no relatório “O futuro da Competitividade Europeia” elaborado por Mario Draghi, antigo Presidente do Banco Central Europeu e apresentado à Comissão Europeia em setembro deste ano, aborda os diversos desafios e oportunidades da União Europeia (UE) no contexto atual nas vertentes da transição energética, digital, competitividade e inovação. Destaca o quanto a Europa tem ficado atrás dos Estados Unidos e da China em termos de inovação tecnológica, nomeadamente no setor digital, o que afeta negativamente a produtividade e a competitividade europeias.
Na vertente da digitalização, sublinha o quanto a UE não capitalizou a primeira revolução digital liderada pela Internet, resultando num crescimento mais lento da produtividade em comparação com os EUA.
Resulta, a título de exemplo, que apenas quatro das 50 maiores empresas tecnológicas mundiais sejam europeias, evidenciando as fraquezas da Europa em tecnologias que estão a impulsionar o crescimento. Atualmente, nos Estados Unidos, 8 empresas têm um valor superior a 1 trilião de dólares (com a Apple, NVIDIA, Microsoft, Amazon e Alphabet a valerem mais de 2 triliões). Em contraste, nenhuma empresa na Europa nos últimos 50 anos atingiu sequer o valor de 100 mil milhões de euros.
A integração da Inteligência Artificial (IA) na indústria europeia será um fator crítico para desbloquear uma maior produtividade. Já existem sinais claros de que a IA irá revolucionar vários sectores em que a Europa se especializa e será crucial para a capacidade das empresas da UE permanecerem líderes no seu sector.
Um dos exemplos referidos é o da Indústria automóvel (que atravessa atualmente na Europa um período conturbado) setor que a IA poderá ajudar a transformar, uma vez que os algoritmos (generativos) alimentados por IA melhoram quer a conceção dos veículos através da otimização de estruturas e componentes, quer o desempenho, reduzindo a utilização de materiais, otimizando as cadeias de abastecimento através da previsão da procura e da racionalização das operações logísticas.
Ainda na IA, o relatório destaca que cerca de 70% dos modelos fundamentais foram desenvolvidos nos EUA desde 2017, enquanto a Europa tem uma presença limitada neste campo. Três empresas americanas dominam mais de 65% do mercado global e europeu de computação em nuvem, enquanto o maior operador europeu detém apenas 2% do mercado da UE.
Em suma, Mario Draghi a alertar para a necessidade urgente de a Europa intensificar os seus esforços em digitalização e IA para manter e melhorar a sua competitividade global. Numa combinação de investimentos estratégicos, reformas regulatórias e uma abordagem coordenada em toda a UE para fomentar a inovação e a adoção de novas tecnologias. Para que este “velho continente” deixe de marcar passo.