Opinião: 25 de Novembro de 2024

À esquerda “a democracia é só para alguns”.
A data que assinala o término do Processo Revolucionário em Curso (PREC) e consequentemente a transição para uma democracia plena e que permitiu então evitar a migração política à extrema esquerda, foi pela primeira vez celebrada na Assembleia da Republica.
Por proposta do CDS-PP, a aprovação da comemoração do 25 de Novembro contou com os votos a favor da IL, do PSD, e do CHEGA, com a abstenção do PAN, e os votos contra do PS, BE, CDU e Livre, relevando que existem hoje em Portugal partidos políticos empenhados em sonegar da história um dos mais importantes marcos da democracia portuguesa.
A designada Crise de Novembro de 1975, crucial num contexto de transição onde diferentes forças políticas disputavam a orientação futura de Portugal, que oscilava entre tendências moderadas e outras de extrema esquerda, travou a radicalização política que ameaçava a estabilidade nacional e permitiu a implementação de um sistema democrático pluralista.
Ao marcar o retorno à normalidade institucional e reafirmando o compromisso com os ideais democráticos iniciados a 25 de abril de 1974, é em Novembro de 1975 que se consolidam as bases para a atual estrutura política do país, assim cessando um período de perseguições e detenções aleatórias, de nacionalizações sem critério e de ocupações discricionárias.
Sendo eu Filho de quem foi preso sem acusação, e a quem foram nacionalizados bens sem justificação, é inenarrável, por desrespeitoso, observar a postura dos partidos de esquerda no Parlamento perante a celebração da data.
Arrogando-se arautos da liberdade, quase sempre escudados em sensacionalismos elementares, é assustoso perceber que vários líderes da atual esquerda política portuguesa, e mesmo muitos dos seus militantes, se apropriam da democracia como um legado exclusivo das suas corporações.