Opinião: 10 lições de uma pandemia
A Pandemia da SARS COV2 trouxe enormes mudanças no dia a dia das populações. Permitiu também retirar algumas lições e ensinamentos:
1.- Não há tema algum que faça silenciar os “opinólogos televisivos do costume”. Descobrimos os dotes epidemiologistas de José Miguel Júdice, os notáveis conhecimentos do virulogista Paulo Portas e as previsões inabaláveis do Tarot Marques Mendes. Ciumento com tais manifestações de conhecimento científico ficou “Marcelo SuperStar” que receou por instantes alguma perda de protagonismo.
2.- Verificámos também que conhecimento científico evolui de forma tão rápida que a Direcção Geral de Saúde à segunda feira desaconselhava máscaras mas que no dia seguinte já as aconselhava, numa semana era contra a vacinação das crianças mas na semana seguinte já recomendava a sua vacinação. Uma “desGraça” sem rumo, com uma total inabilidade comunicacional, cuja cereja no cimo do bolo foi a distribuição de compotas “em vésperas, da véspera do dia de natal!!!!”
3.- Foi por demais evidente a coesão europeia e de todos os seus países, senão vejamos: a Alemanha bloqueou a saída de ventiladores produzidos naquele país para o resto da Europa, a Inglaterra bloqueou a saída de produtos de desinfecção ali produzidos, a Espanha decidiu encerrar fronteiras de forma unilateral e voltar a abrir da mesma forma. Os diversos países europeus implementaram limitações de circulação de forma autónoma num forte e solidário espirito europeu do “cada qual por si e Deus por todos…”.
4.- Ficou também evidente que o grande e velho continente europeu, e até o mais novo e sempre potente continente americano estão totalmente dependentes do China, porque os produtos finais e uma esmagadora maioria das materias primas são ali produzidos. Quando a China abranda, o mundo pára.
5.- A robustez do sistema bancário português foi posta à prova e aguentou. A liquidez dos bancos português permitiu aguentar moratórias durante enormes períodos de tempo. Ficou apenas por saber se irá aguentar os incumprimentos que poderão ocorrer nos proximos meses pela forma como muitos dos portugueses se deliciaram a esturrar o “poucochinho” dinheiro que deveriam ter poupado, mas que apenas serviu para o incremento da venda de casas e automóveis, num contraciclo racionalmente inexplicavel.
6.- Constatámos a presença de um Governo tão coeso, tão coeso que foi completamente unipessoal. António Costa nunca se deve ter sentido tão só quando percebeu que tinha ser, para além de Primeiro Ministro, Ministro da Saúde, Ministro dos Negócios Estrangeiros, Ministro da Solidariedade, e Ministro das Finanças. E ainda bem que o fez, porque, nos poucos momentos onde assim não foi, aquilo que se registou foi uma verdadeira “delegação de incompetências” que trouxeram à vista de todos a incapacidade técnica e a inabilidade politica dos responsaveis de algumas pastas governamentais.
7.- Após anos e anos a serem enxovalhados na praça pública por vários governos e por alguns orgãos de comunicação social, os profissionais de saúde, na sua generalidade, puderam retribuir com uma “bofetada de luva branca”, na forma como enfrentaram a Pandemia, numa missão “herculiana” . O povo percebeu que sem Saúde nem a Economia aguenta… Foram nomeados de heróis, só faltou a entrega as medalhas e ficaram ainda por entregar as compensações financeiras prometidas pelo trabalho extraordinário.
8.- Concluímos que há áreas onde a informática veio para ficar, mas outras onde ficou bem claro que não resulta. Há muita coisa que pode ser feita à distancia sem necessidade de presença física, sendo em muitos casos mais rápido e eficaz. Reuniões de trabalho, serviços bancários, e muitos dos serviços administrativos do estado ou privados podem potenciar a sua capacidade com ferramentas de trabalho informáticas bem desenvolvidas. Verificámos ao contrário que, o ensino à distância pode até ser melhor que nada, mas não deixa de ser uma valente “treta”!! Infelizmente a fatura deste “não ensino” apenas nos vai ser apresentada daqui a alguns anos…
9.- Verificámos ainda que um militar vale mais, e custa menos que muitos politicos. Rigor e disciplina são palavras que não fazem parte dos cadernos escolares das “Juventudes Partidárias”. Se calhar, o serviço militar deveria ser obrigatório para todos os candidatos a cargos públicos e/ou políticos…
10.- Tivemos finalmente a noção de que somos um povo extraordinariamente solidário, resiliente e empreendedor perante as adversidades. Mesmo quando o Marcelo Superstar fugiu e se fechou no bunker residencial, desculpado por uma quarentena inexistente, o povo português em geral, revelou uma serenidade exemplar, uma enorme capacidade de adaptação e improviso, um respeito enorme pelo seu semelhante, e um espirito cívico de fazer inveja a muitos outros povos.
Ainda que não fosse preciso vir um vírus para que o pudéssemos concluir, o SARS COV2 demonstrou que o nosso problema não está em nós portugueses como povo, mas sim em quem nos dirige.