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Estudo da UC concluiu que plásticos microscópicos são um risco para ecossistemas de água doce

10 de fevereiro às 14h24
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Concentrações ambientalmente relevantes de fragmentos microscópicos de plástico representam um risco para o funcionamento dos ecossistemas de água doce, concluiu um estudo da Universidade de Coimbra (UC) hoje divulgado.

No estudo, a equipa de cientistas da UC, em colaboração com investigadores da Universidade de Aveiro e da Konkuk University (Coreia do Sul), pretendeu avaliar os impactos dos nanoplásticos na decomposição de matéria orgânica, taxa de reprodução e alterações na comunidade de fungos aquáticos, denominados hifomicetes, explicou a Universidade de Coimbra, em nota de imprensa enviada à agência Lusa.

Para tal, foi realizado um ensaio laboratorial “com as menores concentrações de nanoplásticos já testadas, até 25 microgramas por litro, com dois tamanhos (100 e 1000 nanómetros)”.

“Além disso, verificámos as alterações na qualidade nutricional das folhas expostas aos nanoplásticos. Essas folhas foram depois fornecidas a uma espécie de invertebrados de ribeiros, de forma a avaliar possíveis consequências no seu comportamento alimentar”, afirmou, citada na nota, Seena Sahadevan, investigadora do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e primeira autora do artigo científico.

No comunicado, a UC explicou que os nanoplásticos “são fragmentos de plástico com tamanho menor que 1.000 nanómetros [0,001 milímetros] – aproximadamente o tamanho de um vírus – usados geralmente por indústrias farmacêuticas, de cosmética e produtos de limpeza, podendo também ser derivados da degradação dos macroplásticos” que se usa no dia a dia.

“Em pequenos ribeiros, a decomposição da matéria orgânica é um processo crucial, responsável pela transferência de energia e nutrientes entre os diversos níveis tróficos da cadeia alimentar. Os hifomicetes aquáticos são os principais mediadores desse processo. Estes fungos são capazes de modificar os componentes recalcitrantes da folha, melhorando assim a sua palatabilidade e qualidade nutricional para consumo de invertebrados”, acrescentou a cientista.

Segundo a investigadora do MARE, os resultados obtidos indicam que “a decomposição, reprodução e a abundância dos fungos são significativamente afetadas por baixas concentrações e tamanho dos nanoplásticos” e “as partículas de menor tamanho demonstram maior toxicidade”.

Curiosamente, sublinhou Seena Sahadevan, “apenas os nanoplásticos de menor tamanho impactaram a qualidade nutricional das folhas, aumentando a quantidade de ácidos gordos polinsaturados”.

“Não houve alterações visíveis nas taxas de alimentação dos invertebrados, porém, observámos um comportamento letárgico nos animais alimentados com folhas expostas as concentrações mais elevadas, indicando uma possível contaminação”.

A principal preocupação dos cientistas envolvidos no estudo para com estes fragmentos plásticos nanométricos “é a alta capacidade de interação e reação com outras moléculas e organismos presentes no ambiente” e a investigação agora publicada fornece “novas perceções sobre os grandes riscos que os nanoplásticos apresentam para o bom funcionamento dos ecossistemas de água doce”, sintetizou Seena Sahadevan.

Por outro lado, atualmente, a grande maioria dos estudos científicos que abordam os impactos e consequências dos micro e nanoplásticos na Natureza “são realizados em ambiente marinhos”.

“No entanto, é importante ressaltar que 1,15 milhões a 2,41 milhões de toneladas dos plásticos presentes nos oceanos são transportados através dos rios”, frisam os autores do estudo.

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