Entrevista: “Queremos fazer deste espaço um ponto de encontro da comunidade”
DB/Foto de Ana Catarina Ferreira
Assumiu a direção artística deste renovado equipamento. Quais são as expetativas para esta estreia na Lousã?
As expetativas, para alguém que tem a sorte de ter este trabalho, são sempre muitas, tal como as responsabilidades. Isto vem de uma relação anterior com a autarquia. Também sou projetista, sou responsável pela mecânica de cena e, por causa dessa função, estive, um bocado, no trabalho de coordenação de projeto com o arquiteto João Mendes Ribeiro.
O facto de já ter tido a sorte de ter feito mais de 35 teatros, grandes e pequenos, em territórios completamente diferentes em Portugal, faz com que tenha um olhar e uma experiência diferentes. No meu caso, o facto de experienciar como diretor artístico e na área técnica, digamos assim, é uma mais-valia. A expetativa é muita porque todos os territórios são diferentes, não há um território igual. A identidade de cada lugar é única. As pessoas são diferentes e é sempre uma descoberta, mesmo tendo eu muita experiência e tendo estado em vários territórios. É interessante perceber que o mesmo espetáculo pode ir vários locais e funcionar de maneira completamente diferente em cada sítio. O espaço é diferente, tal como a relação do próprio espetador com o espaço.
Quando começou essa relação com a Lousã?
A minha relação já é anterior, porque eu sou projetista e também participei na criação do Plano Estratégico para a Cultura, portanto há aqui um olhar mais macro da minha parte. Este teatro tem muitos anos, é um lugar em que muita gente criou as suas memórias. As pessoas também estão com muita expetativa. A reabilitação é considerável, não foi só lavar a cara. Foram acrescentados alguns espaços e isto esteve fechado alguns anos. As pessoas precisam, por assim dizer, de ser alimentadas, pelo menos espiritualmente.
O que lhe parece este renovado Teatro Municipal da Lousã?
Muitos teatros são antigos cineteatros, são de um período em que os teatros tinham todos esses nomes porque era uma altura em que o cinema prevalecia sobre o teatro. Foi num plano de reabilitação do Estado Novo que ficaram todos como cineteatros. Aumentámos a caixa de palco, que tem outras condições técnicas, tal como o proscénio. Gostava de ter mais largura e profundidade para outro tipo de espetáculos.
Falou, na apresentação do programa, da questão da inexistência de fosso de orquestra…
É um exemplo. O teatro não tem e isso era algo que poderia potenciar outras coisas. O que é que condiciona? Em primeiro o lugar onde está instalado o teatro, portanto se é possível crescer. Crescemos para o lado esquerdo, tentámos rentabilizar o máximo em termos de área de apoio para esse lado. Precisávamos de ter crescido para trás para ter mais umas áreas mais técnicas.
Há outra coisa que condiciona, que é o orçamento. Havia um budget específico, que não podíamos passar. Foi uma gestão titânica com a autarquia, que geriu com pinças em termos do valor para a reabilitação. Acho que o resultado final está bastante equilibrado e é um bom resultado, quer nível estético, quer a nível tecnológico e, mesmo na resposta, ao nível da mecânica de cena que ele dará. Temos uma caixa de palco moderna, com todas a funções iguais por exemplo, ao Convento São Francisco, em Coimbra, obviamente com outra dimensão. Em termos de iluminação e sonorização, aqui na Lousã temos uma zona PA (zona de controlo de sistema de som) magnífica.
Pode ler a entrevista completa na edição impressa e digital do dia 03/10/2024 do DIÁRIO AS BEIRAS


