A escultura foi o “psicólogo” mais importante na vida de Dora Tracana

Quando e onde surgiu o interesse pela escultura?
Eu tirei formação em escultura. Não fui eu que descobri esse interesse, foi a minha mãe. Eu tive uma mãe espetacular, que me conhecia melhor que eu. Acabei o 12.º ano e não fazia ideia do que queria. Fui viajar para França e foi a minha mãe que me inscreveu na ARCA-Escola Profissional das Artes de Coimbra. Ela telefonou-me e disse que eu tinha que vir fazer exames de admissão. Eu era da área de saúde, mas tive explicações e após fazer esses exames sabia que era aquilo que eu queria.
Já são várias décadas de paixão por essa área?
Já são várias décadas, de facto. Eu tirei escultura e comecei a dar aulas, e isso é algo que adoro fazer. Acabei por estar muito anos na Secundária de Seia. Tinha os meninos do secundário, quando chegavam ao 10.º ano pensava: “Não os vou abandonar”. Depois, chegava ao 12.º ano com eles e já tinha outra turma de 10.º que não queria abandonar. Estive assim alguns anos, em que fazia poucas coisas de escultura.
Em 2010 tive um cancro. Deram-me três anos de baixa, achei estranho. A minha mãe, Maria Joaquina Tracana Diogo, com quem eu tinha uma grande ligação, tinha falecido no ano anterior. O que eu tenho na escultura, devo tudo à minha mãe.
A sua mãe tinha alguma ligação ao mundo da arte?
Não. Fiquei sem pai aos seis anos, portanto sempre fui muito chegada à minha mãe e à minha irmã, que muitas vezes foi uma segunda mãe para mim.
Em 2010 fica a saber que tem um cancro…
Sim. Foi cancro da mama. Não tinha a minha mãe para me dar o apoio a que estava habituada. Pensei: “Tenho que ser forte e arranjar maneira de a cabeça não ir muito abaixo”. Fui ao Convento de Santa Clara-a-Velha, levei os trabalhos que já tinha e perguntei se poderia fazer lá uma exposição. Após ver os meus trabalhos, o Dr. Artur Côrte-Real, que era o responsável, disse-me que eu deveria fazer uma residência artística. Estive lá durante, mais ou menos, quatro anos. Foi o tempo que andei em luta.
Pode ler a entrevista completa na edição impressa do dia 06/02/2025 do DIÁRIO AS BEIRAS