Universidade de Coimbra expõe 50 capas de jornais angolanos em Luanda
Uma exposição de capas de jornais de Angola publicados entre 1974 e 1975 vai ser inaugurada pela Universidade de Coimbra, em Luanda, na terça-feira, no contexto das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.
“Esta exposição é um passo para melhor caracterizar o período do pós-revolução em Angola e Portugal e, assim, compreender o emergir de narrativas e memórias históricas sobre este período”, informou hoje, em comunicado, a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).
Com esta iniciativa, intitulada “Olhares do Sul”, o Departamento de Ciências da Vida da FCTUC, em colaboração com a Embaixada de Portugal em Luanda, espera “abrir novos caminhos interpretativos, dialogantes e integradores, nos quais a cidadania, o futuro, a nação e a memória continuarão a ser discutidos”.
“Olhares do Sul” é constituída por 50 capas de seis jornais angolanos dessa época: A Província de Angola, Diário de Luanda, Jornal de Angola, O Angolense, A Tribuna dos Musseques, O Comércio de Angola, publicados no período de 25 de Abril de 1974 a 25 de Abril de 1975.
Os curadores e dinamizadores da exposição, Helena Freitas (Centro de Ecologia Funcional), Jorge Varanda (Centro em Rede de Investigação em Antropologia) e Ana Margarida Dias da Silva (Centro de História da Sociedade e da Cultura), da FCTUC, estarão presentes na inauguração, no Camões – Centro Cultural Português, avenida de Portugal, 50, em Luanda.
Em 1974, na semana a seguir ao 25 de Abril, a representação em Luanda da Companhia de Diamantes de Angola (Diamang) “decidiu reunir e enviar jornais para arquivo junto da administração”, em Lisboa, segundo a nota enviada à agência Lusa.
O objetivo da decisão, “referenciado numa comunicação confidencial com a sede, era informar do modo de sentir e interpretar da imprensa de Angola no relativo aos acontecimentos correlacionados com a ação das Forças Armadas que levou ao estabelecimento da Junta de Salvação Nacional”, em Portugal, presidida pelo general António de Spínola.
Esses jornais fazem parte de “uma coleção mais abrangente de recortes de imprensa”, organizada pela Secção de Relações Públicas da Diamang ao longo de 60 anos, de 1928 a 1988.
“O conjunto destes recortes abre várias janelas sobre o que foi a vivência do momento pós-revolução e permite perceber melhor o impacto e a reação imediata”, na então colónia de Angola, ao derrube da ditadura fascista, em Portugal, protagonizado pelo Movimento das Forças Armadas (MFA).