Soure deve continuar a assumir o modelo de toda uma vila em festa no São Mateus
A Fatacis é o reflexo da pujança económica do concelho?
A feira tem duas décadas e foi criada para potenciar a economia do concelho e mostrar a realidade empresarial local. Só que acaba por não ser tanto assim, uma vez que às grandes empresas de Soure não é o São Mateus que dá dimensão. Isso aplica-se às maiores empresas ligadas ao mobiliário e à decoração, como a Tralhão Design ou outras, que trabalham já à escala global, ou à Frutorra, hoje propriedade de uma multinacional espanhola e ligada a um grande grupo alemão, ou mesmo à Queijaria da Licínia…
O São Mateus é também tempo de feiras…
Sim, algumas delas até com grande simbolismo. É o caso da Feira das Cebolas que, a par da de Coimbra, é das pouquíssimas que resistem. Os ceboleiros vêm a Soure já mais em final de época, mas é uma tradição que não queremos perder. Veja que Soure tem registo de feira franca com mais de 300 anos, assinalando o final das colheitas e a preparação para o inverno. Sempre se registou uma mobilidade inter-regional muito grande, com os feirantes a serem os romeiros que vinham à feira. O nosso São Mateus era a última grande romaria, na região, depois da Feira de Ano, em Montemor. As duas eram, de resto, referência, ao nível dos cereais, até na Justiça, pois nos julgamentos ao longo do ano, o que se sabe, de muitos acórdãos transitados em julgado, é que os juízes recorriam, como medida de referência, ao preço do alqueire do milho, definido na feira de Montemor e depois aferido aqui em Soure.
Há também uma feira das nozes.
Sim, das nozes e frutos secos. Veja que em Soure sempre se comercializou muitas nozes, alguma amêndoa, avelãs e passas de figo, vindas da zona de Torres Novas. E, por fim, temos a feira da madeira que volta a ser do outro lado do rio, uma parte franca onde meia dúzia de feirantes, quase sempre os mesmos, há muito se instalam durante o São Mateus para vender as suas alfaias agrícolas e outros utensílios em madeira.
Em suma, o modelo,em Soure, não passa por imitar a Expofacic…
É verdade que parece haver uma tendência, nas diversas feiras concelhias da região, para copiar a fórmula de sucesso de Cantanhede. A nossa opção, aqui em Soure, não é nada essa. Ao todo, temos aqui seis hectares para a Fatacis e mais oito hectares no espaço da feira das freguesias e envolvente. Ou seja, é toda uma vila envolvida e empenhada e essa é outra característica muito nossa. Veja-se que, do ponto de vista espacial, o São Mateus começa junto à câmara, onde vai estar instalado um palco, e estende-se até ao cemitério, na saída para Paleão. Este é um caminho diferente que, sabemos bem, tem mais custos, dá mais trabalho e traz mais problemas, mas na minha opinião, é o caminho que Soure deve continuar a trilhar…
Pode ler a notícia completa na edição impressa e digital do dia 19/09/2024 do DIÁRIO AS BEIRAS