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Opinião: Unidade Local Saúde de Coimbra (ULS)

25 de setembro às 10h25
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Aproxima-se agora um ano sobre a reestruturação do modelo de gestão dos cuidados de saúde que criou uma gestão integrada na prestação de cuidados de saúde que incorpora na mesma entidade a dimensão de saúde hospitalar e cuidados de saúde primários (centro de saúde).

A ULS de Coimbra é uma estrutura com uma governabilidade quase impossível. Integra mais de10.000 trabalhadores e serve mais de 400.000 utentes, distribuídos por 21 concelhos e 7 estruturas hospitalares.

Incapaz, portanto, de prestar cuidados de proximidade e a necessitar de uma reflexão do Ministério da Saúde para orientar a prestação dos cuidados de saúde na zona centro de forma a ir ao encontro os anseios da nossa população.

Está na altura de quem de direito se debruçar sobre estes problemas e nomeadamente sobre o funcionamento da saúde na região de Coimbra que abrange uma vasta área desde Oliveira do Hospital a Alvaiázere.

Curiosamente desde que a ULS foi constituída criaram-se dezenas de regulamentos e comissões.
Para estudar o quê? Afinal as ARS nada tinham feito, ao longo dos anos?

De nada servem grandes planos, grandes projetos quando no terreno se verifica que o doente continua insatisfeito com os cuidados que são prestados; espera longos períodos para obter uma simples consulta e continua apenas a correr de porta em porta a fim de satisfazer as suas necessidades ou mesmo os seus desejos por muitos estranhos que possam parecer ao super profissional desligado da realidade das populações.

Os Centros de Saúde perderam nesta estrutura uma boa parte da sua autonomia ao serem integrados numa unidade especialmente virada para os cuidados hospitalares e que desconhece em muitos casos a realidade do interior do país e as características das suas populações.

Continua a verificar-se uma extrema dificuldade na marcação de consultas de especialidade. Efetivamente os doentes têm direito a ouvir a opinião do médico hospitalar independentemente de haver ou não critério para consulta.

Continuamos a verificar que muitos doentes que vem uma consulta hospitalar e no próprio serviço de urgência são de novo enviados para o seu médico de família para serem agendadas as consultas de outras especialidades!

Extraordinário como é que um doente que vem ao serviço de urgência é aconselhado a marcar consulta de especialidade e para isso precisa de voltar ao seu centro de saúde. Afinal aonde é que está a Unidade?

Sistematicamente continua a ser pedidos exames de diagnóstico nas consultas hospitalares e contra aquilo que a própria lei estabelece são encaminhados para o centro de saúde para tal fim e por sua vez daí para a medicina convencionada.

Em Unidades do Norte este problema está desde já resolvido. Os médicos dos Centros saúde que são a porta de entrada do SNS e que melhor conhecem o seu utente foram ouvidos e os médicos hospitalares já orientam os seus pedidos para os exames que acham necessárias.

Continuamos, portanto, a viver realidades diferentes no mesmo país.
Infelizmente Coimbra que se quer capital de saúde continua a ter enorme dificuldade em articular os cuidados hospitalares com os centros de saúde.

Também o problema do encerramento da urgência do hospital dos Covões e dos seus serviços diferenciados continua a seguir um caminho errado, contra a vontade das populações e das Autarquias que os representam. Não é seguramente o caminho para a satisfação das populações que vem ao serviço de urgência e muitas vezes mesmo quando classificados de doentes emergentes, esperam horas pelo atendimento.

Autoria de:

Raul Garcia

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