Opinião: Tempo de decisões
Novembro foi um mês agitado politicamente: a nível internacional com os ecos da COP26 e a nível nacional com a dissolução do parlamento, na sequência do chumbo do Orçamento do Estado.
Estas últimas semanas relembram a importância das escolhas políticas: as decisões são determinantes no imediato e impactam quer o dia-a-dia, quer o futuro de pessoas e empresas. Debaixo do espectro da escalada da crise energética, foi constrangedor assistir à incapacidade dos líderes mundiais em assumirem compromissos imediatos para reduzir a utilização de combustíveis fósseis, limitando assim o aquecimento global a 1,5°C. A interdependência global é total no que toca ao clima, mas também em temas como a segurança, migrações, controlo da pandemia ou o comércio. A falta de concertação internacional é particularmente preocupante para economias muito dependentes das exportações, como a economia portuguesa.
De que forma poderemos encarar estes desafios globais e tornar-nos mais competitivos?
Eventos como a Web Summit ou o Portugal Smart Cities, mostraram já um vislumbre do que o futuro nos pode trazer: a urgência da sustentabilidade, novas experiências digitais e as cidades como motores destas transformações.
Hoje, mais que nunca, é importante olhar para a capacidade de implementar políticas públicas nas cidades, que possam ser verdadeiros dínamos e acelerar mudanças. Antes das eleições autárquicas lancei os 4 temas que marcarão o futuro das cidades portugueses, em particular na região Centro:
1. Estímulo à natalidade e promoção do envelhecimento ativo/saudável
2. Competitividade e crescimento económico
3. Sustentabilidade e respostas às alterações climáticas
4. Qualidade de vida, educação e cultura
A ação do novo executivo municipal de Coimbra mostra que estes desafios estão a ser encarados de frente e que poderemos assistir a mudanças nos próximos tempos, no sentido de uma cidade que consiga responder às novas necessidades da sociedade, envolvendo os cidadãos e empresas locais. O timing atual é decisivo para impulsionar mudanças: no que toca à mobilidade, pela integração do Metro Mondego na vivência da região; e no que concerne à transição digital, pela criação de um verdadeiro living lab na cidade, para testar a adoção de novas soluções tecnológicas.
Este esforço em sintonia com a academia e as empresas que desenvolvem tecnologia, pode alterar a perceção externa sobre a cidade, elevar a autoestima dos que cá vivem e catapultar as empresas para voos ainda mais ambiciosos. Os dados estão lançados e é tempo de decisões corajosas!
A União Europeia já sinalizou com o New Green Deal e o New European Bauhaus, quais os caminhos para conceber os futuros modos de vida, situados na encruzilhada entre a arte, a cultura, a ciência e a tecnologia. Em Coimbra temos as condições e por isso desejo que saibamos mobilizar o esforço coletivo para imaginar e construir um futuro sustentável e inclusivo.