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Opinião: SARS-CoV… & Putin!

07 de março às 11h32
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A minha participação no Diário As Beiras está subordinada ao tema economia das empresas. E muito é possível dizer actualmente sobre este tema, mas como qualquer ser humano decente deve pensar, a vida humana tem que estar acima de qualquer outro assunto. Assim, as minhas primeiras palavras têm que ser naturalmente para o povo Ucraniano que está a ser alvo de um bárbaro ataque. Um estado soberano que tem tentado, nos anos mais recentes da sua história, amadurecer a sua democracia vê-se, injustificadamente, invadido por ordem de um ditador que tem tentado justificar e fundamentar o que simplesmente não tem justificação. Certo que muito dificilmente possa acontecer, ainda assim deixo o meu desejo (como acredito que seja o da maioria) que o Sr. Putin possa ser afetado por um rasgo de lucidez e liberte o povo Ucraniano do sofrimento que lhe está a causar.
No meu anterior artigo referi que uma das ameaças que poderia surgir a curto prazo para a governação do reeleito primeiro ministro António Costa era o conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Mais rapidamente que aquilo que achava possível, o pior cenário veio a verificar-se.
Neste momento, ainda com uma pandemia por ultrapassar (apesar de esquecida nos últimos dias), vamos no imediato lidar com o impacto absolutamente negativo que este conflito trará. Do ponto de vista energético, é inevitavelmente catastrófico. Vínhamos num trajecto crescente de aumento dos preços praticados para a generalidade das fontes energéticas que agora vão ser empurradas rapidamente para máximos históricos, que vão ter um impacto muito significativo nos preços dos bens e serviços praticados pela generalidade das empresas, tendo como consequência um aumento quase global dos preços apresentados ao consumidor final. Manifestei a minha preocupação sobre este tema dizendo que “assim ficamos todos sem energia”. Hoje ficamos aterrorizados pelas atrocidades a que um povo está a ser sujeito, enquanto desesperamos com as consequências que nos chegam.
Recentemente o FMI veio divulgar informação onde caracteriza as consequências económicas como “devastadoras a nível mundial”. Afirma também que, para além do conflito em si, as sanções contra a Rússia “terão também um impacto substancial na economia global e nos mercados financeiros, com efeitos colaterais para outros países transmitidos principalmente através de preços mais altos de grãos e energia”.
Se sobe a energia que todos necessitamos, assim como o grão/cereal (peça chave da cadeia alimentar) a consequência é obvia. Quem como eu está inserido no sector alimentar (e em específico no sector da panificação e pastelaria) a preocupação é neste momento muito grande. Soluções? Essa é a questão principal e a de resposta mais difícil. A meu ver, é fundamental que a Europa (e o nosso País em particular) possam olhar para o impacto acumulado que a pandemia e esta guerra estão a colocar sectorialmente e definir medidas de apoio momentâneas (de alívio fiscal ou de subsidiação) aos sectores mais afectados, até que o mercado possa normalizar. É conveniente e de elementar justiça referir que, com o agravar dos preços, a “fatia” arrecadada pelo estado via fiscal é também ela maior. Não sendo possível às empresas suportar todos estes acréscimos e não havendo colaboração das entidades governativas o “condenado” será, mais uma vez, o consumidor final.
Mas óptimo seria uma outra solução. Uma solução milagrosa. Uma solução em que, por acção divina, uma coisa chamada de SARS-CoV2, acompanhada de outra chamada de Putin, fossem levados para bem longe. Se não fosse para outra galáxia, que fosse pelo menos para a Rússia, mas bem confinadinhos dando-nos a saúde e a paz que todos necessitamos para trabalhar afincadamente na tão necessária recuperação da “saudosa normalidade”.

*Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.

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