Opinião: O funcionário digital

Um sonho antigo ou uma ficção que se pretendia ser um dia realidade: é verdade que, desde longa data, o ser humano pensa ou deseja ter, no seu dia-a-dia, um assistente no seu trabalho, algo que lhe permita ser mais rápido e eficiente, que assuma tarefas repetitivas de uma forma altruísta, deixando-lhe mais espaço para a criatividade e para o que verdadeiramente acrescenta valor. Este “funcionário digital” trabalharia lado-a-lado, complementando as tarefas do funcionário humano neste espaço de trabalho do futuro.
Contudo, a verdade é que a realidade ultrapassou a ficção porque a inteligência artificial evoluiu de forma suficientemente rápida para viabilizar estes novos “funcionários”. Hoje, posso usar um copiloto de IA (como o read.ai ou otter.ai) para anotar o conteúdo de uma reunião online enquanto escrevo este texto, o que me permite realizar duas tarefas em simultâneo. E exemplos práticos de outros funcionários digitais não faltam por estes dias, de chatbots e assistentes virtuais para atendimento ao cliente, respondendo a perguntas ou dando suporte técnico; a avatares digitais que interagem com clientes de uma forma humanizada; à utilização de ferramentas para triagem de currículos em processos de recrutamento de pessoas, podendo prosseguir, após contratação, para um onboarding digital que forneça informação e esclareça dúvidas sobre a empresa, facilitando a integração; em processos de contabilidade, com a automação de processos que permite automatizar tarefas repetitivas como processamento de faturas, auditorias, etc. etc.
Estes funcionários digitais, mais do que estarem focados apenas em responder a perguntas frequentes ou fornecer informações básicas, podem ser projetados para atuar como verdadeiros assistentes ou colegas de trabalho, realizando tarefas complexas e colaborando como copilotos no nosso ambiente de trabalho.
Num mercado de trabalho cada vez mais ávido de talentos, estes funcionários digitais poderão seguramente impactar de forma significativa, trazendo aumentos de eficiência e produtividade nas empresas através da automatização de tarefas repetitivas e não só. Mas também levantarão questões de confiança e transparência sobre os processos de raciocínio e sobre a forma como tomam decisões. E irão lançar de novo questões éticas sobre o equilíbrio entre a adoção de tecnologia e o impacto que esta tem no emprego.
O futuro no local de trabalho será realizado por equipas de funcionários humanos e funcionários digitais. Esta dinâmica levará a uma nova forma de trabalho em equipa, onde humanos e máquinas se complementam, permitindo que os humanos se concentrem em atividades estratégicas e criativas. Um admirável mundo novo poderá estar a caminho no futuro do trabalho.