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Opinião: Música para os nossos ouvidos

14 de novembro às 11h46
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Se há setor onde a transição digital transformou por completo a experiência dos utilizadores foi a indústria da música. Esta transformação pode considerar-se uma das maiores mudanças destes últimos 40 anos e reflete bem o impacto que a tecnologia tem e o seu poder para alterar e revolucionar formas de comunicar, modelos de negócio, suportes físicos, etc. e com isto, a forma como se consome esta componente cultural.

Para alguém como eu que acompanha esta transformação desde os anos 70 até hoje, o que vemos é que nessa década, a música existia em formatos físicos como os discos em vinil, algo que limitava naturalmente a sua distribuição e alcance. Nestes tempos, eram as editoras que detinham o maior poder sobre os artistas, sobre o que se ouvia e de que forma e em que lugar. Ainda na década de 70 e depois nos anos 80, as cassetes trouxeram uma mudança importante: a possibilidade de gravar e copiar músicas de uma forma acessível. Este suporte abriu espaço a um novo tipo de partilha musical, abrindo caminho para a democratização do consumo.

Com a chegada do Compact Disc (CD) nos anos 90, este cenário alterou-se. Este suporte melhorou a qualidade de som e aumentou a durabilidade dos formatos físicos (os CD regraváveis só chegariam alguns anos mais tarde). Mas foi no final desta década que a revolução digital começou verdadeiramente com o formato MP3. Este novo formato digital condensava a música, com perdas de qualidade, ainda assim quase impercetíveis ao ouvido humano. Enquanto ficheiro digital, era facilmente partilhável e é por isso também um formato que permanece até aos dias de hoje. Pode dizer-se que é o MP3 que abre as portas a esta era digital do mundo da música e que transforma, em definitivo, o seu consumo, de uma experiência física para uma virtual.

Contudo, é com o streaming, já na década de 2010, que se consolida a transformação digital da música. As novas lojas de música passaram a chamar-se Spotify, Apple e YouTube, plataformas essas que hoje oferecem um conteúdo muito vasto mediante assinatura.

Há uns anos, descobrir música de um novo artista significava procurar e comprar um álbum numa loja física para depois o reproduzir num gira-discos ou leitor de cassetes, um mundo onde a experiência assentava sobretudo em algo físico, mas que impunha muitas barreiras quer pela dificuldade de acesso quer pelo seu custo.

Hoje, no carro ou noutro lugar, descobrir um novo artista que queremos conhecer é tão simples como usar no smartphone o Shazam para identificar e pesquisar o tema, ouvir diretamente os seus álbuns no Spotify, conhecer de imediato o local dos seus próximos concertos, passar a segui-lo nas redes sociais, etc. Boas notícias: a transformação digital do mundo da música criou assim, também, novas formas de valorizar e apoiar os seus artistas e criadores.

Autoria de:

Victor Francisco

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