Opinião: Coimbra está a transformar-se a Alta Velocidade!
Já ninguém duvida: a cidade de Coimbra está a transformar-se, com obras um pouco por todo o lado. Reclama-se, contesta-se no trânsito, mas a ideia consolida-se: está a valer a pena esperar…
As obras do Sistema da Mobilidade do Mondego (SMM), aguardadas há cerca de três décadas, estão a acontecer e começam a tomar forma. A maior complexidade e inesperadas dificuldades residiram nas obras de modernização de todas as estruturas subterrâneas, mas os resultados são já bem visíveis e nos próximos meses Coimbra passará a ver o MetroBus a circular entre o Alto de S. João e a Portagem.
Temos total consciência de que o caminho está a ser penoso para todos, mas quando as obras forem concluídas e se iniciar o serviço, Coimbra passará a dispor de um sistema de transportes moderno, fiável e tecnologicamente avançado, uma referência a nível nacional e europeu. Os autocarros providos de sistemas de apoio à condução (controlo de velocidade, guiamento ótico e apoio ao acostamento) garantem um serviço inclusivo, confortável e acessível a todos.
O SMM representa a peça central do sistema, mas outras peças o complementam.
Está em curso a reformulação da rede dos SMTUC, numa ótica de complementaridade ao SMM. A reorganização da rede que prevê a criação de uma hierarquização de linhas, prevê o reforço das carreiras entre áreas âncora e a otimização dos serviços, tirando partido dos pontos de transbordo pré-definidos.
Irá entrar ao serviço, já a partir no próximo dia 16 de setembro, o projeto piloto de Transporte flexível aplicado à zona de Cernache. Este serviço que irá substituir as linhas regulares atuais com nível residual de procura, permitirá otimizar os recursos disponíveis, ajustando os circuitos e os horários, às necessidades reais dos utilizadores.
Mas muitas e boas novidades se perfilam ainda.
A criação de um sistema de informação e de tarifário integrado está a caminho. Com a assinatura do contrato de sociedade entre a Câmara Municipal (CM) de Coimbra e a CIM-RC para constituição da AGIT (Entidade de Gestão do Sistema Intermodal da Região de Coimbra), que ocorrerá ainda em setembro, estão criadas as condições para se oferecer à população de Coimbra e região um tarifário comum (passe único), que permitirá aceder aos diferentes operadores de transportes (Metrobus, SMTUC, CP, outros operadores privados), com um só titulo e sem pagar mais quando optar por transbordo. Com o arranque do serviço do MetroBus, os utilizadores da região de Coimbra terão disponíveis três tipologias de títulos mensais, que atribuem viagens ilimitadas no território de um concelho ( 30€), dois concelhos ( 35€) ou três ou mais concelho, outras medidas estão em andamento.
Já é possível carregar títulos à distância e a aplicação, que disponibiliza a informação ao utilizador, está em fase final de testes nos SMTUC. Ainda em setembro será possível planear, em tempo real, as viagens, podendo, cada utilizador receber alertas sempre que ocorram imprevistos nas linhas pré-selecionada (incidentes, atrasos, suspensões de serviços …).
Todas estas medidas representam um passo gigante na promoção do transporte coletivo e um contributo imensurável para a alteração dos padrões de mobilidade.
Mas o progresso não se limita ao Sistema de Transportes Urbano. Coimbra afirma-se como uma centralidade metropolitana. Já integra a rede da Alta Velocidade e vai ter uma estação intermodal de última geração. Quando há três anos iniciámos funções, o projeto da vetusta estação velha limitava-se a um simples “lifting”. Uma solução disfuncional e, pasme-se, que inviabilizava fisicamente a futura passagem da Linha de Alta velocidade. Coimbra preparava-se para ficar a ver “os comboios passar…”.
A posição intransigente e determinada da CM de Coimbra obrigou a que IP revisse o processo. Sob a coordenação do Arqt. Joan Busquets, está em andamento um ambicioso ato de planeamento e de arquitetura, onde a futura estação intermodal de Coimbra se afirma como alavanca ao desenvolvimento territorial, ambiental e económico da zona norte da cidade. Em sequência, outras cidades como o Porto, Vila Nova de Gaia e Leiria, seguiram o exemplo de Coimbra e estão a desenvolver os seus planos.
O Plano de Pormenor da Estação Intermodal (PPEIC) encontra-se em fase final de desenvolvimento, depois de mais de dois anos de trabalho conjunto, num processo aberto, transparente e muito participado. O PPEIC foi objeto de apresentação e discussão em cinco momentos públicos, prevendo-se ainda mais três até à sua aprovação formal.
A solução desenvolvida, e que agora se expande pela frente ribeirinha proporcionará a criação de uma nova centralidade em Coimbra, assenta em princípios e políticas atuais de mobilidade, onde predomina o verde e se preserva o património natural.
Mas uma estação intermodal exige bons acessos, sendo essa necessidade ainda mais premente quando depende de dois nós congestionados: a Casa do Sal e o Almegue.
A quarta ponte sobre o Rio Mondego é a solução. Há mais de uma década, a ponte esteve na iminência de ser construída, enquanto contrapartida de uma PPP da rede de autoestradas, mas que a entrada da Troika viria a suspender. A herança foi pesada e durantes todos estes anos, os condutores enfrentam diariamente as longas filas de trânsito para atravessar o Almegue, numa rotunda que nasceu como provisória, mas que perdura indefinidamente no tempo.
A nova ponte permitirá segregar o tráfego urbano do de atravessamento e interzonal, o qual, segundo o estudo de tráfego, é estimado em mais de 60% do tráfego que atualmente atravessa o Açude-Ponte. A sua construção permitirá reduzir as demoras em mais de 40% e assim resolver definitivamente os atuais congestionamentos. Abolir as portagens na A1 não dá resposta aos movimentos interzonais (ligação da Pedrulha/Adémia a St. Clara/S. Martinho), e sonhar com a continuidade da A13 levará muito tempo, até que os programas europeus voltem a financiar obras rodoviárias.
O Executivo está empenhado em garantir a construção da nova ponte sobre o Rio Mondego, uma vez que esta solução apenas peca por tardia. No que depender deste executivo, a quarta ponte será construída.
Estes são apenas alguns exemplos de que Coimbra está a transformar-se a Alta Velocidade!