diario as beiras
Geralopiniao

Opinião: “Brincadeiras de mau gosto”

29 de outubro às 12h24
0 comentário(s)

Há noites, e que noites…de sono profundo! Aconteceu-me a mim, como poderá ter acontecido com qualquer um!
Após assistir aos mais variados debates e opiniões emitidas na última madrugada sobre o “chumbo do Orçamento de Estado”, a tranquilidade assaltou-me. Eleições antecipadas era coisa que ninguém desejaria, mas, após ouvir as intervenções da classe política fiquei convencido que seria, será, a melhor solução.
Não fiquei admirado, nem muito menos espantado, com a aliança do PSD/CDS/BE/CDU/CHEGA para derrubar o governo socialista. Percebia-se desde o princípio que, ao não fazer parte do governo, PCP e BE não faziam parte da solução. Faziam, naturalmente, parte do problema. Empurrar quando interessa, tirar o tapete quando passa a ser desinteressante!
Nunca fui adepto de tal solução governativa, embora, na minha opinião e será sempre a minha verdade, o governo foi sempre melhor do que eu pensava.
Um partido da democracia que nunca entendeu o “centralismo democrático”, nem a ele se refere como “coisa boa”, só poderia esperar um mau desfecho!
A partir de hoje, não faz sentido a intersindical, extensão do PCP, marcar greves e mais greves que poderão condicionar a economia do país. Se o fizerem mais penalizado será o PCP nas urnas, porque ninguém percebe como é que um partido de tão pequena dimensão consegue controlar tantas áreas fundamentais da economia portuguesa. E ainda mais, porque a grande maioria desses trabalhadores recebe bem acima do salário mínimo nacional.
O actual governo já não pode atender e perder tempo com questões corporativas, mas centrar-se naquilo que é importante até às próximas eleições.
Muito do que constava do orçamento reprovado ficará sem efeito num futuro próximo. Bem que os cidadãos podem agradecer aos que estiveram, sempre, com um pé dentro e outro fora da carruagem!
O PSD fez o seu papel. Disse que reprovaria este orçamento porque não correspondia ao pretendido daquilo que pensa que poderá ser a sua futura governação.
Qual será o futuro próximo do PSD ninguém sabe ou adivinha. Pode acontecer a vitória de Rui Rio. Fez um trabalho meritório, consubstanciado na recuperação do PSD em eleições autárquicas, esteve com os portugueses durante toda a crise sanitária, aguentou estoicamente todas as investidas da sua oposição interna. Foi, diga-se em abono da verdade, um aliado do governo em tempos de pandemia.
Só que agora há dois galos e um só poleiro!
O PS deverá estar convicto que as próximas eleições legislativas lhe serão favoráveis. De outro modo, para o documento ser aprovado, e sabendo que os orçamentos nunca são executados na sua totalidade, mais milhão menos milhão não faria diferença.
Esticou, fez braço de ferro, sabendo que o mais importante orçamento será o de 2023 ano de eleições legislativas. Poupar agora para dar depois poderá ter sido a sua ideia. É natural, dadas as experiências anteriores e após do 25 de Abril!
Se a reprovação do orçamento beneficiar muito o CHEGA, o que tenho dúvidas, ainda que a berraria e demagogia seja muita, deve-se a uma conjuntura favorável por ser parte activa no seu chumbo.
Com o CDS/PP também em eleições internas que poderão deixar marcas e feridas complicadas de sarar, a direita está dividida. Os eleitores poderão não entender alianças que não se estendam por uma ou mais legislaturas.
O Senhor Presidente da República ameaçou, fez-se ouvir dizendo que queria eleições em caso de chumbo. Mas depois, quando percebeu que estava iminente, desatou a “conversar” para o evitar! Vá-se lá perceber!
Nada é novo nem novidade. A história repete-se. Os cidadãos afastam-se cada vez mais da política porque não estão interessados nestes jogos. Nestas brincadeiras de mau gosto.

Pode ler a opinião de Luís Santarino na edição impressa e digital do DIÁRIO AS BEIRAS

Autoria de:

Deixe o seu Comentário

O seu email não vai ser publicado. Os requisitos obrigatórios estão identificados com (*).


Geral

opiniao