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Opinião: Andamos para a frente? Para trás? Talvez para o lado

16 de dezembro às 11h22
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O ar já emana o “cheiro” a festa. Natal e Passagem de Ano estão perto. 2025 está já aí. E o que é que podemos esperar? Para o contexto Europeu onde enquanto Portugueses nos incluímos, o cenário não parece o mais entusiasmante.
É ponto positivo (de forma aparente) a inflação relativamente estável e em níveis próximos do recomendável.

A rigorosa acção do Banco Central Europeu (BCE), encarecendo o preço do dinheiro em 2023 e 2024, deu para já os efeitos pretendidos. Apesar do sacrifício que tais decisões causaram na vida da maioria dos Portugueses, o processo de desinflação parece estar no bom caminho. Assim, prova a decisão recente do BCE (após a sua reunião de política monetária de Dezembro) de voltar a reduzir as taxas directoras em mais 25 pontos-base, para a taxa de 3%.

Fica ainda a perspectiva que em 2025, caso não haja retrocessos neste processo de estabilização da inflação por volta dos 2%, possa permitir descidas graduais da taxa de juro até ao limite dos 2%.

Mas – e porque há sempre um (ou vários) “mas” -, no contexto geopolítico, outros factores existem que colocam 2025 com perspectivas de um ano de muitos e difíceis desafios. Deixemos as guerras de parte, esperando que haja a capacidade de tão breve quanto possível lhes colocar cobro, para bem de todos os povos que com elas sofrem.

Habituámo-nos, nesta Europa dos 27, a reconhecer alguns Países como sendo os motores, os estrategas, ao fim e ao cabo aqueles que nos lideram enquanto projecto comum. Esses são, por motivos óbvios, as economias mais fortes desta Europa. Neste contexto, o que vemos é no mínimo inquietante. Alemanha e França, as duas maiores economias da Europa dos 27, atravessam momentos conturbados. Deficit das contas públicas, dívidas públicas crescentes, crescimentos negativos ou completamente anémicos, são termos que nós Portugueses sempre nos habituámos a ouvir no nosso quotidiano, mas nunca associados a países como a Alemanha. Por si só, é motivo de preocupação, mas mais preocupante me parece a falta de estabilidade política que se vive em muitos dos Países que compõem esta Europa. Nas quatro maiores economias temos o seguinte cenário: na Alemanha o governo está a prazo; em França o governo caiu; em Espanha, para formar governo, Pedro Sánchez precisou de uma geringonça ao quadrado, fazendo acordos inclusivé com partidos independentistas; em Itália governa a extrema direita. Para complemento, embora talvez desnecessário, recordo que em Portugal governa uma solução minoritária onde em alguns casos, consegue até governar a oposição.

Com a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos da América (EUA) e a tão badalada guerra tarifária que se diz perspectivar para produtos originários da China, mas também da Europa (que já tive oportunidade de dizer, me parecer pouco provável que possa vir a ser muito significativa), e com a China a necessitar de recuperar da sua quebra de consumo interno e a ter na exportação dos seus produtos a solução mais natural para o seu problema, é fundamental que a Europa não se distraia.

Concorde-se ou não, e não é isso que discuto aqui, EUA e China estão entregues a lideranças fortes, capazes de decidir, mesmo que tenham que ignorar o (politicamente) correcto. Para que não soframos mais de futuro, é fundamental que consigamos criar, cada País por si, mas também a União Europeia em conjunto, estabilidade política para definir estratégias que nos façam caminhar em frente e não andar para trás, sob pena de, à escala global, nos tornarmos menos significantes.

O que está a acontecer no sector automóvel a nível Europeu é mostra clara disso mesmo e se o projecto Europeu ainda existe e é conjunto, se perdem uns, perdem todos. Sem estabilidade não há estratégia. Sem estratégia não há sucesso nem futuro possível. No máximo damos passos para o lado.

Que 2025 traga sapiência e clarividência aos nossos povos e aos nossos líderes para que o nosso futuro seja marcado de passos em frente.

Desejo a todos os leitores um Santo e Feliz Natal e um excelente 2025.

*Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.

Autoria de:

Christophe Coimbra

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