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Opinião: A minha média é melhor que a tua…

19 de setembro às 10h35
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Quase 50.000 novos estudantes ingressaram no Ensino Superior, na 1.ª fase de acesso. Se tudo decorrer como esperado – todos se licenciarem- Portugal poderá ultrapassar a métrica definida quanto à % de cidadãos diplomados com licenciatura, entre os 24 e 30 anos: 45%. Este valor é de 40,9% atualmente, já tendo sido de 45,2% em 2021. A média da União Europeia é de 43%.

Conseguirmos implementar políticas que garantam condições para que os jovens que formamos prossigam as suas carreiras em Portugal é fundamental: reduzir os impostos sobre o trabalho dos jovens, melhorar políticas de habitação e incentivo à natalidade, carreiras mais atraentes (e bem pagas!) no privado e no público.

Existem muitas oportunidades de trabalho remoto/híbrido em Portugal, incluindo para empresas estrangeiras, porém, permanece o drama dos recém-licenciados Portugueses que, atraídos por condições muito mais competitivas noutros países, aí farão as suas carreiras e dificilmente voltarão.

Para que serve, então, a Educação Superior em Portugal? O que representam estes números senão “exportação de talento” Assim que são conhecidos os resultados de acesso ao Ensino Superior, inicia-se a discussão das médias de acesso. Mais interessante será estudar o índice de força (n.º de candidatos em 1.ª opção/n.º de vagas), uma das medidas fundamentais de atratividade.

Na 1.ª fase do CNA 24/25, 23 cursos ( 2,06% do total de cursos) só admitiram candidatos com média de acesso superior a 18 valores, num total de 4238 estudantes, ou seja, 8,55% de todos os estudantes colocados. Quando se diplomarem, deveriam conseguir ter um emprego em Portugal… Comparar médias de acesso é um exercício incoerente: há cursos que atribuem maior peso à nota interna; outros têm obrigatoriedade de diversos exames de acesso contra licenciaturas onde a opção é o melhor conjunto de exames; o número de vagas é distinto; as preferências regionais afetam as notas; há cursos que exigem pré-requisitos (Educação Física ou Música); outros notas mínimas de 140 no exame de acesso. Quanto muito, deveríamos comparar médias no mesmo curso e escola e isto apenas se o número de vagas se mantivesse.

Esgotar as vagas na 1.ª fase de acesso é sempre uma ambição Porém: aumentou o número de estudantes em 1.ª escolha? Esses irão matricular-se, os outros não sabemos. Como são os números à saída? Quantos se diplomam no número de anos previsto? Quantos se licenciaram com média igual ou superior à de entrada? Quantos trabalham na área do curso? Voltam a escolher a Escola para Mestrado ou outras especializações? Ser estudante do Ensino Superior é importante, garantir que essa oportunidade é uma mais-valia é fundamental. A ligação a uma Escola, à sua Escola, é para a vida e só pode ser uma ligação win-win.

Autoria de:

Isabel Pedrosa

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