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Opinião: A Cortina de Ferro, Chernobyl e o poço de petróleo

25 de janeiro às 09h36
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Não, não vou aborrecer o meu par de leitores com uma análise da guerra fria nem da «bondade» ambiental da energia nuclear face aos combustíveis fósseis. Este é mais um exercicio de Encontre a Semelhança.
Chernobyl. A contaminação por poeiras radioactivas resultante do acidente da central nuclear estendeu-se pela Europa afectando vários países. A área mais afectada implicou a criação de uma área de exclusão de permanência humana de cerca de dois mil e seiscentos quilómetros quadrados (cerca do triplo dos concelhos de Coimbra, Figueira da Foz e Montemor-o-Velho juntos). Não quer isto dizer que não entre vivalma, sim, entram (a central tem ainda equipas de manutenção). Apenas quer dizer que não se vive, não se está nessa zona em permanência (até o exército russo se retirou…) de modo a que não se acumule exposição a radioactividade. Esta foi uma catástrofe ambiental com efeitos vastos. No entanto, em termos de biodiversidade observa-se um crescimento fulgurante de vegetação e animais (não, não têm três olhos nem cor púrpura ou verde choque).
A explosão do poço de petróleo da BP no Golfo do México largou para o oceano quantidades imensas de petróleo com um impacto ambiental tremendo que se mantém. Um dos resultados foi a interdição da pesca pois o peixe encontra-se contaminado. Apesar de haver diversas espécies que ainda se encontram em declínio, p. ex. corais e mamíferos marinhos, nas espécies de peixe com interesse comercial a história é diferente. As suas populações recuperaram a níveis inauditos.
A Cortina de Ferro. A metáfora cunhada por Winston Churchill tinha reflexo físico. Uma barreira que se estendia do Norte ao Sul da Europa separando os países na esfera da União Soviética dos países do ocidente. Esta barreira contínua compreendia uma área de exclusão com alguns quilómetros, em alguns locais mais de uma dezena. Actualmente estas áreas têm uma biodiversidade impressionável, um verdadeiro corredor ecológico que liga o Mar de Barents ao Mar Negro. Existe inclusivamente uma iniciativa internacional (Green Belt) para a preservação desse corredor de biodiversidade.
A semelhança, nestes casos, é a ausência de acividade humana e o resultado benéfico na biodiversidade. Não que se advogue uma catástrofe ambiental. Nem a radiactividade é benéfica para a vida selvagem em Chernobyl, nem a contaminação por crude é boa para os peixes do Golfo do México. Mas apesar disso recuperaram as populações pela ausência humana que as catástrofes proporcionaram. Às vezes dar espaço e tempo à natureza não é mau remédio. Sem catástrofes ambientais, é que estas, não sendo boas para o ambiente, são especialmente nefastas para o Ser Humano.

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