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Opinião: 2022. E agora?

27 de dezembro às 12 h30
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O calendário mudará daqui a alguns dias, mas, depois de quase dois anos, a capacidade da pandemia para nos baralhar a noção de tempo faz com que o ano novo que se aproxima se pareça muito com uma reedição de 2021.
O calendário e as suas datas-chave permanecem reféns da luta contra a Covid-19, à medida que o mundo se encaminha para o 3º ano da pandemia. Mesmo que as vacinas e os novos antivirais transformem esta doença numa condição endémica, espera-nos um conjunto de impactos económicos de longo prazo. E é contra este pano de fundo que, humildemente, recuso fazer prognósticos para os próximos 12 meses. Reitero o que há um ano atrás escrevi neste jornal: os desafios para as empresas passariam pela Transição Tecnológica; Sustentabilidade e Transformação da Experiência do Cliente. Assim, encerro o ano examinando alguns desafios que marcarão o futuro próximo:
•Do teletrabalho ao “tele-tudo”
Neste momento em que as modalidades híbridas se vulgarizam, a grande questão para alguns é como distinguir o que é uma casa, do que é um escritório… Não tenho dúvidas que esta nova forma de encararmos as relações laborais oferece flexibilidade, permitindo que as pessoas vivam de maneira mais confortável e produtiva. Nos próximos anos, a relação das pessoas com a tecnologia aprofundar-se-á à medida que segmentos maiores da população passarão a depender (ainda) mais das ligações digitais para trabalhar. Esta relação alargar-se-á progressivamente à educação, saúde e outras interações sociais.
Esta transição apresenta imensos desafios: o equilíbrio família/trabalho; as desigualdades de acesso à informação; ou importância do bem-estar físico e mental. É nestes aspetos que as empresas devem atuar e oferecer novas soluções mais ágeis e colaborativas, pois acoplada a esta mudanças no dia-a-dia, teremos a “nova internet”.
•Web 3.0
O mundo fervilha em torno das possibilidades que a nova (r)evolução oferece: estamos na viragem para o que alguns designam a era da Web 3, ou 3.0.
Se olharmos para os primeiros dias da internet na década de 1990, a “world wide web” foi vista como uma forma de democratizar o acesso à informação, mas desorganizada e difícil de aceder: era a Web1.0. A popularização surge a partir de meados dos anos 2000, e a Web 2.0 emerge com as plataformas como a Google, Amazon ou Facebook: trazem “ordem” à Internet, pois facilitam a comunicação e as transações online. Assistimos agora ao que convencionou designar pela Web 3, e que surge como a combinação da descentralização e o espírito “comunitário” de Web 1, com as funcionalidades avançadas da Web 2.
O advento das criptomoedas é um dos primeiros fenómenos visíveis. Os próximos tempos assistiremos a alguma “domesticação” por parte das autoridades reguladoras e, consequentemente, uma alteração significativa dos serviços financeiros como os conhecemos hoje. Outros fenómenos, como as plataformas de co-criação ou os NFT’s, irão oferecer mais possibilidades aos artistas e criadores para expandirem a sua influência.
• A nova corrida espacial
O recente lançamento do telescópio James Webb foi o corolário dum renovado interesse pelo cosmos. 2021 foi um ano particularmente marcante para a nova economia do espaço e a “corrida” está relançada! O paradigma mudou e são agora as empresas privadas a marcarem a agenda. Ao longo do ano assistimos ao sprint entre 3 concorrentes para transportarem os primeiros turistas espaciais: Virgin Galactic, Space X e Blue Origin. Por outro lado, intensificou-se o frenesim à volta do lançamento de novos satélites, com mais de 1.400 a serem lançados só neste último ano! Empresas como SpaceX/Starlink, OneWeb, Amazon e a chinesa StarNet propõem aumentar este número em dezenas de milhares nos próximos anos. Estes satélites possibilitarão comunicações mais rápidas e mais conhecimento sobre tudo o que se passa na Terra: desde a segurança, navegação ou a monitorização das alterações climáticas.
O nosso país está a posicionar-se com a Portugal Space, a agência espacial nacional, em particular através da sua aposta num Porto Espacial na ilha de Santa Maria, Açores. Esta nova economia espacial oferece muitas outras possibilidades, que podem ser exploradas pelas empresas portuguesas através da colaboração com a Agência Espacial Europeia: ESA, nomeadamente no programa ESA Space Solutions Portugal (www.space.ipn.pt).
A incerteza continuará “certa”, mas há razões de sobra para olharmos para 2022 com otimismo. Não resisto a formular uma previsão: aposto que uma das palavras do ano será reinvenção.

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