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Opinião: “A saúde de que todos precisamos”

08 de outubro às 11 h39
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A saúde de que todos precisamos nasce do reconhecimento de que o bem-estar não é um privilégio individual, mas um direito colectivo. A saúde não se limita à ausência de doença: é o resultado de uma teia de relações que nos liga uns aos outros, ao ambiente e às condições sociais que moldam o nosso quotidiano.

A saúde pública, nesse sentido, é o espelho da forma como uma comunidade cuida de si mesma. É o território onde ciência, política e compaixão se encontram para garantir que cada pessoa possa viver com dignidade. Lembra-nos que a prevenção é tão essencial quanto a “cura”, e que a responsabilidade de cuidar uns dos outros deve ser partilhada por todos — governo, profissionais de saúde, instituições e cidadãos.

Mas também nos recorda que as decisões em saúde devem assentar em evidência sólida, e não apenas em percepções avulsas. Criar conhecimento, medir impactos e avaliar resultados são passos indispensáveis para orientar políticas eficazes e justas, capazes de responder às reais necessidades das populações.

Os municípios têm aqui um papel fundamental, pois, é no terreno, junto das comunidades, que essa evidência ganha sentido, transformando dados em acções concretas e políticas que melhoram vidas. São eles que desenham o espaço onde a vida acontece: o urbanismo que promove o convívio, as ruas seguras e arborizadas, o transporte público acessível, os programas culturais e desportivos, as respostas sociais de proximidade. Quando uma autarquia planeia com sensibilidade humana e visão ecológica, está, de facto, a promover saúde pública.

A saúde de que todos precisamos constrói-se nas políticas que reduzem desigualdades, nas escolas que educam para o bem-estar, nos espaços verdes que respiramos e no olhar atento entre vizinhos. Está nas redes de apoio que protegem os mais vulneráveis, na alimentação equilibrada e acessível, e no tempo para descansar e reflectir.

Num mundo onde o ritmo acelera e a solidão se expande, cuidar da saúde é também um gesto de resistência. É aprender a parar, a escutar o Outro e a respeitar os limites. É redescobrir o valor do silêncio, do convívio e do sentido de pertença.
A saúde de que todos precisamos é, no fundo, um projecto ético e solidário, que reconhece que a vida de cada um depende do cuidado de todos. Só uma sociedade que não deixa ninguém para trás — nem pela doença, nem pela indiferença — pode considerar-se verdadeiramente saudável.

Autoria de:

Redação Diário As Beiras

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