Opinião: O problema não se chama racismo: chama-se futebol!!!!

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Aquilo que aconteceu ontem no estádio de Guimarães é inaceitável. Chama-se racismo? Não!! Chama-se violência no futebol!!
A agressividade no futebol português ultrapassou já há muito os limites do aceitável.

Agressividade dentro do campo, infrações graves dos jogadores com insultos e agressões físicas. Agressividade das cúpulas dirigentes com troca de agressões verbais e incentivos incendiários… Agressividade dos programas televisivos desportivos onde comentadores verdadeiramente se batem qual gladiadores numa arena…

Violência das próprias claques contra os próprios jogadores como foi bom exemplo o caso da academia de Alcochete.
Nas bancadas nem é preciso falar: não há nenhum jogo em que não haja tochas proibidas arremessadas para o campo, insultos, provocações e actos de violência contra terceiros, contra as forças policiais e entre os próprios. Basta ver a musculada força policial que controla as claques na sua entrada e saída dos estádios para perceber que algo não está bem…

Por isso aquilo que ontem aconteceu em Guimarães foi apenas mais uma vez uma manifestação desta violência, com insultos racistas inaceitáveis.

O objectivo foi agredir verbalmente um jogador negro: não. O Vitória de Guimarães tem vários jogadores negros e por isso os cretinos que o fizeram também estariam a insultar os seus jogadores. Esses cretinos que insultaram ontem Marega foram os mesmos que o apoiaram quando Marega jogava por empréstimo no Vitória de Guimarães!!! A cor de pele de Marega não mudou desde então!!!

O objectivo foi insultar um dos principais jogadores do FC Porto e aquele que marcou o golo que deu a vitória ao FC Porto e que é negro. Se fosse chinês iam chamá-lo “ chino ou amarelo”, se tivesse cabelo comprido iam chamar-lhe “**..brão guedelhudo”, se tivesse pouco cabelo iam chamar-lhe “careca de m**…”, se tivesse peso a mais iam chamar “cara**… do gordo” , estivesse aleijado iam chamar “coxo” ou se se tivesse divorciado iam chamar “corno”!!! O objectivo é sempre o insulto, a agressão verbal, o achincalhamento…

É isto que deve preocupar a sociedade, e especialmente todos aqueles que gostam do futebol.

O problema está em não querer reconhecer que existe um problema grave no futebol português e querer erradamente culpar a sociedade portuguesa de ser uma sociedade racista. Até porque isso não é verdade e os números comprovam-no. Portugal não é um país racista e basta visitar outros países para o constatar.

No mais recente estudo europeu sobre racismo publicado em Dezembro de 2018 – estudo “Being Black in the EU” (“Ser Negro na UE”), que tem por base quase seis mil imigrantes e descendentes de imigrantes africanos, envolveu 12 Estados-membros da União Europeia, Portugal lidera as listas com as menores taxas de violência e vitimização motivadas pelo racismo: 2%. No fim da tabela estão a Finlândia, que tem uma taxa de violência motivada pelo racismo de 14%, e a Áustria, com uma taxa de 11%.

Existem portugueses racistas? Claro que sim. Há imbecis e gente sem escrúpulos em todo lado e Portugal não é, infelizmente excepção, mas julgo que estamos a fazer mal ao nosso país se quisermos alimentar uma “crónica joacinista” que deturpa a verdade, desvia o foco do problema e que poderá contribuir para passar uma noção de exclusão social de índole racial que não existe de forma generalizada no nosso país.

Abram os olhos e vejam o problema.

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