Universidade de Coimbra lidera projeto europeu para estudar a violência no trabalho
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A Universidade de Coimbra (UC) obteve um financiamento superior a dois milhões de euros para liderar um projeto europeu para estudar a violência no trabalho em organizações do setor da saúde em quatro países.
A investigação vai decorrer ao longo dos próximos dois anos e meio em hospitais, lares de idosos e centros de cuidados primários da Eslovénia, Espanha, Itália e Portugal, no âmbito do programa “Citizens, Equality, Rights and Values” da Comissão Europeia, anunciou hoje a UC, em comunicado enviado à agência Lusa.
“Identificar e compreender as causas da violência baseada no género e da violência no trabalho e, consequentemente, promover soluções e ferramentas para prevenir comportamentos violentos e discriminatórios são os objetivos centrais do projeto “Building Respectful and Violence-free Gender-inclusive Environments in the World of Work (BRAVE-WOW)”.
A decisão de estudar esta temática prende-se com o facto “de ser uma das áreas profissionais mais expostas à violência de género no trabalho”, explicou a coordenadora do projeto, Leonor Pais, docente da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação.
Até ao final de outubro de 2027, a equipa de investigação vai fazer recolha e análise de informação sobre o contexto europeu, considerando as diversas áreas que se relacionam com a temática da violência em contexto laboral, como raça, classe, orientação sexual, deficiência e género, entre outras.
A partir desta análise, o consórcio vai adotar uma abordagem participativa e inclusiva, através da realização de grupos focais, entrevistas e mesas-redondas com diversas partes interessadas e envolvidas na temática, incluindo trabalhadores, gestores e profissionais de recursos humanos.
Vai também desenvolver análise de sentimento nas redes sociais, com o intuito de levantar informações veiculadas nestas plataformas por trabalhadores e entidades empregadoras.
Com base neste trabalho de campo, a equipa de investigação vai criar ferramentas, como o Questionário de Violência de Género no Trabalho, que vai ser aplicado em organizações de saúde na Eslovénia, Espanha, Itália e Portugal para testar a sua eficácia junto de profissionais de saúde, gestores e inspetores do trabalho.
“Esta ferramenta pretende melhorar a compreensão e a prevenção da violência e do assédio no local de trabalho e será complementada pelo Questionário de Trabalho Decente”, salientou Leonor Pais.
A docente justificou que a “violência de género no trabalho não é devidamente identificada e, por isso, pouco reportada”, pelo que são necessárias “novas abordagens a este fenómeno que permitam entender as suas causas”.
O projeto BRAVE-WOW vai ainda criar uma comunidade europeia de práticas para prevenir o assédio e a discriminação no contexto laboral à escala europeia, que vai potenciar a partilha de conhecimento e de boas práticas.
O projeto junta 19 organizações dos quatro países parceiros. Em Portugal, além da UC, conta com a participação da Universidade de Évora, da SHINE2Europe, da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, da Autoridade para as Condições de Trabalho e da Unidade Local de Saúde do Alentejo Central.


Para os parolos da direita em Portugal, regra geral, avessos ao trabalho porque trabalhar custa e faz calo, o trabalho em Portugal e as condições de trabalho que são colocadas à disposição de quem trabalha, são um paraíso e se há algo a assinalar, é algo que é inequivocamente da responsabilidade do trabalhador, que não colabora e oferece resistência (mesmo a investidas mais sui generis fora do contexto laboral), vendo assim em cada trabalhador um sindicalista (o que não deixa de ser ilusão de óptica na medida em que os sindicatos em Portugal qualquer dia são uma espécie de fósseis de dinossauros como os que se encontram pela Lourinhã… Associações empresariais, boicotem esta iniciativa!