Opinião: Prémio Nobel da Paz

Desde que em Janeiro se tornou presidente, que Donald Trump acredita que merece o prémio Nobel da Paz pois, segundo ele, pôs fim a pelo menos «sete guerras». Esta semana adiantou-se ainda mais ao reivindicar o crédito pelo possível fim da oitava guerra, depois de Israel e o Hamas terem concordado com a primeira fase de um acordo de cessar-fogo baseado no plano de paz de Trump.
Donald Trump, que concorre com mais 338 nomeados, não se fez rogado em Setembro, quando ao discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas disse: «Todos dizem que eu deveria receber o Prémio Nobel da Paz». «Eu acabei com sete guerras. Nenhum presidente ou primeiro-ministro jamais fez algo parecido com isso», acrescentou. As guerras que ele acabou incluem Camboja e Tailândia; Kosovo e Sérvia; República Democrática do Congo (RDC) e Ruanda; Paquistão e Índia; Israel e Irão; Egito e Etiópia; e Arménia e Azerbaijão. E, agora, com o anúncio de um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, a oitava guerra está mais perto do que nunca do seu fim.
As nomeações para o Prémio Nobel da Paz de 2025 encerraram a 31 de Janeiro, poucos dias após Donald Trump regressar à Casa Branca. Em Julho, Netanyahu disse que nomeou Trump para o prémio, seguido pelo primeiro-ministro do Camboja, Hun Manet, em Agosto. O primeiro-ministro arménio, Nikol Pashinyan, e o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, também apoiaram conjuntamente Trump para o prémio no mesmo mês. Dentro do gabinete do presidente, Steve Witkoff, seu enviado-chefe para o Médio Oriente, disse que Trump era «o melhor candidato» para o prémio. O deputado republicano Buddy Carter também enviou uma carta ao Comité Norueguês do Nobel em Setembro. Até o CEO da empresa farmacêutica americana Pfizer, Albert Bourla, disse que Trump merece o prémio.
Mas as nomeações feitas após 31 de Julho só contarão para o Prémio Nobel da Paz de 2026, de acordo com as regras do Comité Nobel. O governo do Paquistão já nomeou Trump para o prémio do próximo ano. Recorde-se que Obama recebeu o prémio em 2009, pouco tempo depois de se tornar presidente. «Se eu me chamasse Obama, teria recebido o Prémio Nobel em 10 segundos», afirmou Donald Trump no ano passado. Quem quer que ganhe este ano, terá sempre uma sombra chamada Donald Trump.