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Opinião: Papel-moeda: meio obsoleto de pagamento?

08 de julho às 10h05
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“Só o dinheiro físico é susceptível de proporcionar a sensação da “dor de pagar”, inibindo a compra de coisas de que a pessoa não precisa com o dinheiro que não tem.”“Os rumores da morte do papel-moeda são naturalmente exagerados!”

O Banco de Portugal apresentou, a 28 de Maio pretérito, a 5.ª edição do estudo “Custos sociais dos instrumentos de pagamento de retalho em Portugal”.
O digital estará já a suplantar o numerário? Tenderá de todo a substituí-lo ante a evolução da Sociedade Digital? Ou, pelo contrário e apesar de uma incidental aceleração, resiste e se apresenta ainda como algo de indispensável, que não de meramente residual?
O anterior estudo remonta a 2017.
Inexistem dados de 2019, ano que antecede a emergência de saúde pública com uma radical alteração nos hábitos de pagamento em razão de profundas restrições ao direito de ”ir e vir” pelo decretamento de fortes medidas de clausura.

Como já o exprimimos:
“Do mercado de proximidade, presencial…. ao mercado à distância (de um dedo…) ou digital, um breve passo…

A emergência de uma sociedade de clausura com o seu peculiar “modus operandi” assenta num amplo conjunto de ferramentas que o isolamento em si mesmo prefigurou em ordem a que a vida prosseguisse, ainda que em distintos moldes.

O recurso alternativo e em espiral a veículos virtuais foi determinante:

• teletrabalho funcional, teletrabalho doméstico (robótica), tele-ensino, telebanco (distinto do “homebanking”), telemedicina, telefarmácia, tele-abastecimento em geral (géneros alimentícios), tele-abastecimento de refeições por encomenda, o tele-acesso aos serviços públicos essenciais, a televigilância, o tele-lazer com os jogos electrónicos…”

O estudo a que se alude (de inícios de 2022 ) apresenta dados desfasados no ‘espaço’ e no tempo: interpretações várias (face até às metodologias adoptadas) se consentem, a despeito dos abrandamentos registados em 2022, já fora do alcance de um tal estudo.
– Mais de 52% de numerário em circulação
– Cartões de débito – 38%
– Cartões de crédito – 2%
Quebra de 18% do numerário face ao quinquénio anterior.
Numerário – é a forma de pagamento gratuita para os consumidores.
O Relatório atribui-lhes, porém, custos /transacção que montam a:
– Numerário – 0,11 € contra 0,6 € em 2017 (sem se revelarem os critérios indutores);
– Cartões de crédito – 2,53 €;
– Cartões de débito – 0,27 €;

Há, pois, nítida vantagem dos consumidores no uso do numerário.
Ignora-se de onde vêm os 0,11 € de custos imputados ao consumidor (repercussão nos preços dos encargos dos comerciantes, tempo despendido ao pagar, encargos emergentes das contas depósitos à ordem e das comissões que as oneram, repercussão dos custos dos sistemas de cibersegurança ou a soma de tais valores?).
O facto é que há um agravamento de 20% dos custos dos meios digitais: para meios “mais eficientes” substancial agravamento por “ineficiência”!
Os custos por comerciante estimam-se, porém, em:
– Numerário – 0, 35 € (contra 0,21 € em 2017 )
– Cartões de crédito – 0,55 €
– Cartões de débito – 0,28 €

Afigura-se-nos que há um enviesamento neste passo: os encargos da grande distribuição terão constituído a base de cálculo, que não os das nano, micro e pequenas empresas com as notas e moedas, que são nulos; donde, os valores emergentes do pagamento em dinheiro físico não deverem apresentar-se tão robustos, como ocorre, na óptica das NMPE e no que lhes toca…).

Já no que tange à percepção dos meios de pagamento, as percentagens apresentadas são elucidativas e francamente lisonjeiras para o numerário:
– Mais de 82% dos consumidores valorizam extraordinariamente os pagamentos em notas e moedas;
– 90% dos consumidores asseveram dispor habitualmente de numerário para os pagamentos do dia-a-dia;
– 31% admitem recorrer menos ao numerário do que em período anterior ao da pandemia em razão dos hábitos adquiridos no decurso da período de clausura (“o hábito é uma segunda natureza”, segundo Aristóteles).

O numerário é ainda o meio de pagamento mais seguro: só em 2023 as fraudes com o dinheiro digital atingiram 1 530 000 000 € e continuam quotidianamente a registar-se, de tal se não fazendo eco os bancos, cuja legião de vítimas vem recrudescendo clamorosamente.

Autoria de:

Mário Frota

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