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Opinião: Em busca de soluções sustentáveis: reconhecer e articular saberes, culturas e modos de vida

16 de janeiro às 14h23
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Neste artigo, gostaria de me concentrar no ‘como fazer’ na busca de soluções para os desafios socioecológicos da contemporaneidade. Proponho refletir em torno da ideia de articular saberes, culturas e modos de vida como fundamental para promover a diversidade, o diálogo intercultural e o enriquecimento mútuo nas sociedades contemporâneas. No entanto, a articulação implica reconhecimento, não apenas como um gesto simbólico, mas como uma atitude fundamental para estabelecer um diálogo autêntico e respeitador entre diferentes saberes e culturas. O reconhecimento permite afirmar diferentes perspetivas, abrindo portas para uma compreensão mais profunda e colaborativa. Esta abordagem tem como principal objetivo promover a compreensão mútua entre diferentes grupos culturais, respeitando e valorizando as suas diferenças. Ao nos propormos a articular saberes, estamos a abrir espaço para a troca de conhecimentos entre diferentes grupos culturais e diversas disciplinas. Cada cultura possui uma riqueza única de sabedoria, tradições e experiências acumuladas ao longo de gerações. Ao aprender com essas culturas, enriquecemos o nosso próprio repertório e ganhamos novas perspetivas sobre o mundo que podem ser decisivas na definição de novas estratégias para lidar com os desafios com que o mundo atual nos confronta.
Frequentemente, quando entramos em contacto com pessoas de diferentes origens e culturas, somos confrontados com os nossos próprios preconceitos e estereótipos. Isso desafia-nos a superá-los e a reconhecer a humanidade comum que nos une. Aqui, a articulação de culturas e de modos de vida, com as suas formas de organização social, promove o respeito mútuo.
Mais do que apenas uma questão cultural, de reconhecimento de saberes e poderes, gostaria de sublinhar que a ideia de articular esses saberes e culturas, logo esses poderes, é crucial para enfrentar os desafios globais complexos. Problemas como as alterações climáticas, a degradação ambiental, as migrações em massa, a pobreza e a desigualdade não conhecem fronteiras culturais. Eles exigem abordagens interculturais e multidisciplinares para serem resolvidos de forma eficaz. Mas também sensibilidade cultural, empatia e uma abertura genuína para incorporar experiências plurais.
As epistemologias dominantes, tendencialmente exclusivas, frequentemente marginalizam outras formas de conhecimento e práticas. A articulação procura reconhecer e valorizar a pluralidade de conhecimentos que orientam o mundo da vida, aos quais subjazem diferentes culturas e diferentes sistemas de conhecimento. Articular saberes significa reconhecer sistemas plurais, desde a educação, à política, economia e cultura, e princípios de organização e classificação do mundo diversos. Reconhecer sistemas plurais e diversos favorece a recuperação e a revitalização das identidades culturais e interculturais, bem como dos saberes locais. Às sociedades é exigido que, no mundo atual e no contexto da complexidade dos desafios socioecológicos que enfrentamos, criem espaços onde diferentes perspetivas e conhecimentos possam coexistir, enraizar-se nos contextos e nos territórios e contribuir para a construção de sociedades verdadeiramente plurais e justas.

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