Opinião: E pela educação não vai nada? Pouco!
A campanha eleitoral para a Assembleia da República (quem anda aí a vender que se trata de eleger o primeiro-ministro?) caminha para o fim depois da maçadoria dos debates a não sei quantos que, em minha opinião, pouco ou nada trouxeram ao cidadão comum. Esgota-se um período que faz parte da nossa democracia, que funciona como um ritual a que não podemos (e, em boa verdade, não queremos) fugir, este de absorver propostas em meia dúzia de minutos multiplicados por não sei quantos protagonistas.
Pergunto-me quantas vezes a Educação foi abordada pelos candidatos, se algum deles tinha algo a dizer sobre um tema importante e por onde todos terão passado para concluírem a sua escolaridade.
Alguém se lembrou de centrar uma intervenção que fosse, um minuto ou dois a abordar o tema? Só mesmo exceções e mesmo essas de raspão, que o tempo era pouco para falar de orçamento, de queda do governo, de dívida externa. Assuntos importantes, sem dúvida. Mas só esses? Já sei que me vão dizer que o tempo não dá para tudo e que é preciso saber o que talvez fique mais no ouvido do senhor e da senhora telespectadores.
E não há propostas para a colocação de professores em escolas onde não tenham que fazer as malas ano sim, ano não e viajar para longínquas terras? Será que o melhor que há para dizer é que vamos voltar a uma espécie de quadro de zona pedagógica, em que cada uma delas abrange não sei quantos distritos e o bom do docente morador em Coimbra tanto pode ficar em Pombal como e Vila Franca de Xira?
E ninguém diz nada sobre as taxas de insucesso e de abandono que, embora atenuadas em relação a nos distantes, continuam a grassar como uma maleita para a qual não há vacina que lhe valha?
E sobre a reorganização do sistema educativo, juntando o atual 2º ciclo ao 3º ao 1º (façam favor de fazer propostas), continuamos mudos e quedos?
E sobre o alívio das tarefas pretensamente pedagógicas a que se obrigam os professores, que roubam tempo à preparação das atividades letivas para se perderem na floresta de enganos com que têm de arrostar cada ano letivo?
Todas as faltas de propostas só podem ter a ver com a debilidade das estruturas dos partidos políticos que (com uma ou outra exceção que se regista) pouco investem em quadros da Educação e que, quando os têm, os desviam muitas vezes para outros setores, tornando-os uma espécie de generalistas que acorrem ao que é preciso.
Foi este deserto educativo com que me deparei nestes dias que já correram e que os que estão em falta não prometem modificar. E sou garantidamente dos poucos que acompanharam muitos “debates”, muitos mimos trocados entre os senhores candidatos, muitas conversas e pouco sumo.
É pena. Este triste panorama não prenuncia nada de bom para um futuro governo e lá teremos um Tiago ou um David a continuarem a patinar nas políticas que lhes parecem boas, porque não sabem mais ou, quando sabem, não têm margem que lhes permita pô-las em prática, porque o “aparelho” não deixa.
Mesmo assim, vamos todos votar. É importante que o façamos. Bom 30 de janeiro