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Opinião: Dilexit nos

11 de novembro às 11h34
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O Papa Francisco publicou no dia 24 de outubro a sua quarta encíclica – Dilexit nos (isto é, ‘amou-nos’) sobre o amor humano e divino centrado no coração de Jesus. O Papa insiste que ‘é necessário recuperar a importância do coração’, sobretudo, quando ‘nos assalta a tentação da superficialidade, de viver apressadamente sem saber bem para quê, de nos tornarmos consumistas insaciáveis e escravos na engrenagem de um mercado que não se interessa pelo sentido da nossa existência’ (cf. nº2).

Este papa já tinha publicado, quando foi eleito, Lumen fidei (29 de junho de 2013 – escrita a quatro mãos com Bento XVI) sobre a Fé no mundo de hoje; depois Laudato si’ (24 de maio de 2015), sobre a crise ambiental e a necessidade de cuidar da Criação; depois Fratelli tutti (3 de outubro de 2020) sobre a amizade e a fraternidade universal.

Nesta última encíclica o Papa Francisco diz-nos que “homem contemporâneo encontra-se com frequência transtornado, dividido, quase privado de um princípio interior que crie unidade e harmonia no seu ser e no seu agir” (nº 9).

Por isso, “neste mundo líquido, é necessário voltar a falar do coração” (nº 9), “falar a partir do coração, agir com o coração, amadurecer e curar o coração” (nº11). De facto, “o coração é (…) capaz de unificar e harmonizar a própria história pessoal, que parece fragmentada em mil pedaços, mas na qual tudo pode adquirir sentido” (nº19).

Neste texto podemos encontrar muitas inspirações e até provocações. Podemos questionar como é que cada um de nós, como é que a Igreja e como é que o mundo está a viver, que sentido estamos a dar aos nossos dias, o que estamos a colocar em primeiro lugar.

Diante de vidas e opções existenciais centradas apenas nos interesses, diante de autoreferencialismos solipsistas, de guerras de poder, de violência gratuita, de discursos de ódio, de tanta agressividade e indiferença… “podemos pensar que a sociedade mundial está a perder o seu coração” (nº22 ).

Parece que o mundo é dos agressivos, dos vingativos, dos mais poderosos, dos líderes desumanos… Parece que não há lugar para um líder com coração.
Mas não é verdade, basta pensar no Papa Francisco, nas suas atitudes e no seu modo de ser e estar. Basta pensar em tantos homens e mulheres que são referência no mundo pela sua entrega e pela sua capacidade de serviço.
Jesus foi contemporâneo do Grande (e terrível) Herodes. O que ficou da história de cada um faz toda a diferença. De Herodes restam ruinas, algumas imagens e estátuas dele… de Jesus ficou-nos uma boa nova, um evangelho, um exemplo de vida…

“Talvez a pergunta mais decisiva que se possa fazer seja esta: tenho coração?” (nº 23). Como é que posso cuidar e curar o meu coração? Como posso agir com o coração? Como é que as nossas instituições, a começar na Igreja, podem agir com o coração?

Autoria de:

Nuno Santos

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