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Coimbra

Formação em ciências sociais aplicadas e artes é aposta da ESEC

16 de outubro às 09 h08
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DB/Foto de Pedro Ramos

Nesta data de aniversário, como se poderá definir a ESEC na sua oferta educativa?

O projeto educativo da ESEC está consolidado e caracteriza-se pela diversidade de formações na área das ciências sociais aplicadas e das artes. Esta aposta na diversidade vem a ser feita há mais de 25 anos e está, hoje, expressa na existência de cinco departamentos que vão da Formação de Educadores e Professores, ao Turismo e Gastronomia, passando pela Educação, Artes e Tecnologias, Desporto e Intervenção Social e Comunicação.

A ESEC iniciou a sua atividade formativa em 1988 e até ao fim dos anos noventa do século passado foi uma escola focada apenas na formação de educadores e professores. No fim da década de noventa registou-se uma grande instabilidade e indefinição nos modelos de formação existentes que, tal como aconteceu posteriormente, já no tempo da Troika, deixou apreensivos muitos jovens que procuravam ingressar no ensino superior, levando-os a afastarem-se destes cursos. Por outro lado, a fórmula de financiamento das instituições de ensino superior existente na altura, não só não era a mais favorável aos cursos de formação de educadores e professores, como também privilegiava as escolas de maior dimensão.

Perante esta situação, a ESEC – que acabava de sair do seu período de instalação e elegera o seu primeiro conselho diretivo, de que eu fui presidente –, enveredou por uma estratégia de desenvolvimento assente na diversificação e no crescimento do número de alunos. Pensamos que essa decisão foi acertada e hoje temos 3 CTESP’s, 16 licenciaturas, 15 mestrados e vários cursos de formação especializada e pós-graduada, divididos pelos departamentos que já referi, e frequentados por cerca de 3000 estudantes.

Este percurso foi feito na convicção de que deste crescimento seria, mais tarde ou mais cedo, acompanhado pelo reconhecimento de que necessitávamos de uma ampliação das atuais instalações ou, mesmo, de novas instalações, o que não aconteceu…

Há já alguma previsão para alargamento e/ou transferência da Escola para instalações mais amplas, ou essa necessidade não se afigura premente, no momento?

Por uma daquelas razões que a Razão desconhece, a ESEC nunca viu reconhecida e concretizada a sua pretensão de ter instalações adequadas à sua dimensão e, mesmo das poucas vezes em que essa necessidade foi reconhecida pela tutela, não tivemos a força política necessária para a manter nas prioridades financiadas.

Hoje acreditamos menos na possibilidade de virmos a ter novas instalações. Nem o Politécnico de Coimbra tem poder para fazer valer essa pretensão, nem a cidade de Coimbra se tem mostrado disponível para apoiar soluções para o nosso problema.

Por outro lado, as soluções internas ao Politécnico de Coimbra – necessariamente paliativas atendendo à falta de capacidade financeira da instituição –, também se têm revelado inconsistentes e frágeis. A última promessa interna, que parece ter-se esfumado à mesma velocidade com que se esgotaram os saldos do IPC, foi a da construção de uma nova cantina no nosso campus, o que nos permitiria libertar o espaço da atual cantina e bar para a instalação de salas de aula e laboratórios. Também aí tivemos uma desilusão.

Penso que, tal como o Politécnico, toda a cidade de Coimbra sabe que a ESEC utiliza espaços precários na Rua Teixeira de Pascoaes que pertenceram ao ISCAC. Já tentámos encontrar soluções para deixar de usar aqueles edifícios, mas não tem sido possível encontrar alternativas. Não fazemos questão em usar aquelas instalações desajustadas e que estão longe das normas de conforto aceitáveis e normais para uma escola. Mas não se pode esperar que as deixemos sem termos uma solução para instalar tudo aquilo que ali fazemos, e que é muito. Penso que a Câmara Municipal de Coimbra poderia ter aqui um papel mais incisivo, nomeadamente na congregação de vontades e descontentamentos para ganhar peso político junto das tutelas.

A ESEC está a chegar ao fim do ciclo iniciado há mais de 25 anos – a que já me referi acima –, e está, também, no fim deste ciclo de gestão, uma vez que o meu mandato termina dentro de pouco mais de um ano. Entretanto, também o Politécnico de Coimbra elegerá a sua nova direção.

Estamos, pois, no tempo certo para refletir sobre o que fizemos, o que queremos e devemos vir a fazer e, dessa análise, fazer nascer novas propostas de desenvolvimento que possam entusiasmar e guiar a Escola para os próximos anos. Algumas das questões a que essa reflexão terá de dar resposta serão, inevitavelmente, sobre o que fazer com a diversidade de formações existentes na ESEC; como resolver o problema das instalações insuficientes – a ESEC não tem capacidade de crescer mais nestas instalações –; como fazer crescer a investigação e organizar cursos de doutoramento; como manter a qualidade e a relevância social da nossa atividade, características que estão na base do nosso sucesso.

Que ambições tem a escola para responder aos novos desafios das áreas de investigação e estudo a que se dedica nas suas diferentes áreas?

Nos últimos dois anos – com a autorização para que os politécnicos outorguem títulos de doutor e a perspetiva de virem a ter um estatuto jurídico igual ao das universidades –, deram-se mais dois passos significativos no já longo caminho para a consolidação dos Politécnicos. Os centros de investigação e os programas de doutoramento são os alicerces para a criação de qualquer projeto de investigação sustentado.

Neste último ano, estivemos envolvidos num processo muito intenso e exigente para a criação de centros de investigação e instalação de polos de centros já existentes, na ESEC e no Politécnico de Coimbra. Estamos a aguardar o fim do processo de avaliação conduzido pela FCT e a nossa expetativa é que dessa avaliação resultará uma consolidação significativa da investigação na instituição que nos permitirá estar envolvidos, ainda em 2025, na criação de programas de doutoramento ancorados nesses centros de investigação e polos e nas parcerias institucionais estabelecidas nesse âmbito. A investigação e os programas de doutoramento ocuparão, certamente, um lugar central nas opções de desenvolvimento que vierem a ser definidas no âmbito da reflexão a que me referi antes.

Estão também em curso processos para alterações legislativas no RJIES e no estatuto da carreira de investigação que esperamos, venham a tornar mais flexível os processos de gestão e contratação nestas áreas. Não me parece que se esteja a pensar ir tão longe quanto eu julgo que se deveria ir, nomeadamente, na fusão dos estatutos das carreiras docentes do ensino superior e da investigação numa única carreira com percurso flexíveis, intermutáveis e geridos ao nível das instituições.

Pode ler a entrevista completa na edição impressa e digital do dia 16/10/2024

Autoria de:

Agostinho Frankçim

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