Coimbra: Até sempre, Cesário
Não há palavras, gestos, emoções” que descrevam a dor de perder um irmão, um amigo, um filho, lembrou o presidente da mesa da Assembleia Magna da Associação Académica de Coimbra (AAC).
Mas em cada lembrança ouvida ontem na última homenagem a Cesário Silva esteve sempre o sorriso com que brindou a vida de muitos.
Durante as cerimónias fúnebres, o Bispo de Coimbra destacou o altruísmo do dirigente associativo que, além de ter assumido a maior responsabilidade dentro da AAC”, esteve sempre envolvido noutras atividades de âmbito humanitário social, inclusivamente religioso.
“Não quis esperar pelo amanhã”
“Se não tivesse o desejo de ir mais longe e de ajudar os outros a irem mais longe, não se teria metido nestas aventuras desafiadoras. Teria ficado centrado na sua pessoa, no seu presente e no seu futuro. A cuidar de si”, disse.
Mas Cesário, continuou D. Virgílio Antunes, “não quis esperar para mais tarde, para quando tivesse a vida estabilizada com todas as condições sonhadas.
Não quis esperar pelo amanhã, que é sempre incerto”.
E, por isso, deixa “a sua pegada bem visível” nas vidas com que se cruzou.
As cerimónias fúnebres, que se realizaram na Capela da (sua) Universidade de Coimbra (UC), levaram centenas de pessoas – sobretudo estudantes – ao Pátio das Escolas.
A “bondade, a juventude, a dedicação” do antigo estudante de 24 anos uniu a Academia, a cidade, muitos anónimos e representantes das mais variadas entidades: desde o secretário de Estado do Ensino Superior, vereadores da Câmara de Coimbra, diretores de todas as faculdades da UC, a representantes de outras associações estudantis, elementos da AAC/OAF, membros de núcleos e organismo autónomos da AAC, e muitos outros.
Na noite anterior, o Presidente da República fez questão de estar presente no velório para prestar homenagem ao antigo dirigente da AAC.
Honrar a memória
Sem esconder uma imensa tristeza, o reitor afirmou que, com o desaparecimento do seu líder, a AAC passa pelo momento mais difícil da sua centenária existência.
Aos estudantes mais velhos, Amílcar Falcão pediu que apoiem os mais novos neste período de comoção e provação coletivas.
O reitor garantiu ainda que Universidade de Coimbra estará incondicionalmente ao lado da AAC e mobilizará todos os meios necessários para garantir o seu normal funcionamento até que se volte à normalidade.
Pediu também que os estudantes honrem a memória de Cesário Silva e que a Academia coloque de lado “naturais e saudáveis divergências de opinião e se una em torno de uma causa, sem que haja lugar a protagonismos, tenham eles as origens que tiverem”.
Ao terminar a sua intervenção na cerimónia, o reitor deixou uma nota pessoal.
“O tio Amílcar – a forma carinhosa como Cesário se referia à minha pessoa – ficará com ele no coração até ao fim da vida, altura em que espera que nos possamos voltar a encontrar. Até sempre Cesário.”