Campanha recolhe fundos para apoio jurídico a vítimas no CES de Coimbra
Um grupo de mulheres anunciou hoje que foi acionada uma campanha de recolha de fundos para financiar as despesas legais das vítimas de assédio no Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra.
Intitulada Academia Sem Assédio – Fundo de Apoio Jurídico para Vítimas no CES, esta campanha foi criada para “financiar as despesas legais das vítimas, garantindo condições de enfrentarem o sistema de justiça no acompanhamento das denúncias”.
“O mais urgente agora é garantir assistência jurídica às vítimas que estão sendo processadas por Boaventura de Sousa Santos, por terem cobrado medidas contra o assédio que sofreram por anos”, lê-se numa nota enviada à agência Lusa.
A campanha está em curso em https://gofund.me/952d0d9c, contando até ao momento com 92 doações, que totalizam o valor de 3.780 euros.
O investigador Boaventura de Sousa Santos anunciou, no final de setembro, que intentou uma ação cível para tutela da personalidade no Tribunal de Coimbra, com a qual procura assegurar a proteção do seu bom nome e honra, face às acusações do coletivo de mulheres.
Três investigadoras que passaram pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra denunciaram situações de assédio num capítulo do livro intitulado “Má conduta sexual na Academia – Para uma Ética de Cuidado na Universidade”, o que levou a que os investigadores Boaventura de Sousa Santos e Bruno Sena Martins acabassem suspensos de todos os cargos que ocupavam no CES, em abril de 2023.
O CES acabou por criar, uns meses depois, uma comissão independente para averiguar as denúncias, tendo divulgado o seu relatório quase um ano depois, em 13 de março, que confirmou a existência de padrões de conduta de abuso de poder e assédio, por parte de pessoas em posições hierarquicamente superiores, sem especificar nomes.
De acordo com o relatório então divulgado à comissão independente, foram denunciadas 14 pessoas, por 32 denunciantes, num total de 78 denúncias.
Uma semana depois, um grupo de 13 mulheres instou, num documento assinado por todas, as autoridades judiciárias portuguesas a investigarem com urgência as alegadas condutas criminosas mencionadas no relatório.